Título: PSDB AMEAÇA EXPULSAR SEUS TRÊS ENVOLVIDOS
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 19/07/2006, O País, p. 9

PFL e PPS chamarão parlamentares notificados para se explicar; PMDB, PTB e PL vão esperar fim da apuração

BRASÍLIA. O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), ameaçou ontem expulsar do partido os deputados tucanos Paulo Feijó (RJ), Eduardo Gomes (TO) e Itamar Serpa (RJ), que tiveram os nomes divulgados pela CPI dos Sanguessugas como envolvidos no esquema de superfaturamento de ambulâncias. Em nota, Tasso afirmou que não vai admitir a permanência dos investigados no partido.

¿O PSDB não admitirá em seus quadros pessoas envolvidas em quaisquer práticas ilícitas, especialmente em um episódio vergonhoso como este, que se convencionou chamar de escândalo dos sanguessugas. Não podemos, hipocritamente, exigir a moralidade e a honestidade sem praticá-la. Não pode haver outro caminho senão a expulsão dos nossos quadros¿, anunciou o senador na nota.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), vai chamar os parlamentares do partido notificados pela CPI para se explicarem à executiva nacional. O mesmo será feito pelo presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), em relação ao deputado Fernando Estima.

¿A direção do PPS entende que o caso de Estima é atípico porque ele era do PL e assumiu uma vaga na Câmara em substituição a outro parlamentar. Não participou da elaboração do Orçamento de 2005 nem conseguiu liberação das emendas que propôs para este ano. Estima é o único deputado do PPS acusado de envolvimento em escândalos¿, diz a nota.

O PPS diz que Estima assumiu em agosto de 2005, na vaga de Valdemar Costa Neto, presidente do PL que renunciou para não ser cassado por envolvimento com o mensalão. Estima deixou o PL e entrou no PPS logo após tomar posse. Na ocasião, Costa Neto já havia proposto as emendas a que a vaga dá direito, segundo o PPS.

O segundo vice-presidente do PMDB, deputado Eliseu Padilha (RS), afirmou que o partido estimulará as investigações para evitar que sejam cometidas injustiças. Mas garantiu que aqueles que forem considerados culpados, depois de transitado em julgado, sofrerão sanções previstas no regimento interno:

¿ Inclusive, passíveis de expulsão ¿ confirmou Padilha.

O PTB, em nota, informou desconhecer o que acontece nos gabinetes de seus parlamentares. ¿Mas se as denúncias forem comprovadas, cabe à Justiça tomar as providências¿, diz a nota. Já o presidente do PP, deputado Nélio Dias (RN), que aparece na lista dos envolvidos, informou por sua assessoria que só se manifestará depois da conclusão das investigações.

O líder do PP, Mário Negromonte (BA), também notificado pela CPI, divulgou nota afirmando estar ¿surpreso e estarrecido porque considerava o caso encerrado, uma vez que a Corregedoria da Câmara já havia mandado arquivar (a denúncia) por falta de provas¿. O deputado alega ainda que seu nome constava de uma degravação de escuta telefônica feita pela Polícia Federal em que terceiros apenas comentavam que ele havia sido eleito líder da bancada.

O líder do PL, deputado Luciano Castro (RR), informou, por meio de sua assessoria, que o partido vai apurar todos os fatos e vai pedir o afastamento dos parlamentares que tiverem seu envolvimento comprovado no escândalo dos sanguessugas.

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