Título: DA CADEIA PARA A DEFESA DA REELEIÇÃO DE LULA
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 19/07/2006, O País, p. 10

Líder do MLST, que perdeu o cargo no PT depois de comandar vandalismo na Câmara, faz discurso político e critica prisão

BRASÍLIA. O coordenador do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), Bruno Maranhão, solto há quatro dias da prisão da Papuda, em Brasília, anunciou ontem que vai trabalhar pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele e outros integrantes do MLST foram denunciados à Justiça com base na Lei de Segurança Nacional por causa da invasão da Câmara, com atos de vandalismo, no início de junho. Maranhão, um dos fundadores do PT, foi afastado do cargo de coordenador de movimentos sociais do partido.

¿ Conheço o companheiro Lula há 25 anos. Mais do que nunca vou apoiar e fazer campanha para ele. Serei um dos soldados da reeleição ¿ disse.

O coordenador do MLST disse também ter amizade e admiração por outros candidatos a presidente, citando os senadores Heloísa Helena (PSOL-AL) e Cristovam Buarque (PT-DF). Maranhão disse que a eleição de Geraldo Alckmin, do PSDB, para ele seria um retrocesso.

O líder dos sem-terra ficou 38 dias presos em Brasília. Ele disse que sofreu maus-tratos. Maranhão se mostrou ressentido com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que determinou a prisão dos manifestantes:

¿ Aldo foi pressionado pela direita para chamar a polícia e nos expulsar. Não sei se minha amizade com ele vai continuar.

¿São míseros R$5 milhões¿

O líder do MLST chamou de golpistas e de pitbulls os senadores que vincularam sua imagem à do presidente Lula ¿ mesmo tendo sido dirigente do PT e recebido pelo presidente Lula no Palácio do Planalto. Maranhão respondeu à denúncia de que a Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária (Anara), entidade fundada e comandada por líderes do MLST, recebeu R$5,7 milhões do governo federal de 1999 até 2006, sendo R$5,6 milhões só no governo Lula.

¿ São míseros R$5 milhões, que foram corretamente aplicados. É até muito pouco para transformar as favelas rurais no nosso projeto de agroindústria.