Título: TRÊS MORREM EM ATENTADO CONTRA DELEGADO EM SP
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 19/07/2006, O País, p. 13

Policial tinha sido ameaçado por prender quatro integrantes de facção criminosa responsável pela onda ataques

SÃO PAULO. Bandidos invadiram a casa da noiva de um delegado de polícia, segunda-feira, na Zona Leste de São Paulo. Dois bandidos e e a avó da noiva morreram. O pai dela, ferido a tiros, está internado. A polícia não afasta a possibilidade de vingança contra o delegado Alexandre Munhoz, da 58ª Delegacia, na Vila Formosa. Na última quinta-feira ele prendeu quatro homens, um deles reconhecido como assassino de um carcereiro durante a primeira onda de ataques do crime organizado à capital paulista, em maio.

O delegado Munhoz e a noiva estavam na frente de casa, na Rua Jaime Taveira, quando notaram a chegada de três homens encapuzados. O casal entrou e Alexandre ido ao quarto no andar de cima para buscar duas pistolas. Quando descia as escadas, encontrou um dos criminosos dentro da casa, apontando uma arma para seu sogro e dizendo que ia matá-lo. Eles trocaram tiros. O bandido e o sogro foram baleados na cozinha.

A avó da noiva do delegado saiu da casa ao lado para ver o que acontecia e foi atingida. Ela morreu ao chegar ao pronto-socorro. Fora da casa, outro criminoso foi baleado, em luta corporal com o delegado. O terceiro bandido conseguiu fugir.

Dois policiais militares também participaram do tiroteio. Com um dos bandidos mortos foi encontrada uma identidade em nome de Diogo Rodrigo Nazareth, de 23 anos. O outro criminoso não foi identificado.

Na semana passada, quatro suspeitos de integrar a principal facção criminosa de São Paulo foram presos pela PM na Vila Formosa em patrulhamento de rotina. Outros sete fugiram. Foram apreendidos um revólver 38 e dois coletes à prova de bala. Entre eles estava Leandro Badolato, 21 anos, que, encaminhado à 58ª DP, foi reconhecido como o assassino do carcereiro Elias Dantas, dia 13 de maio, em Santo André, quando ocorreram os primeiros ataques. Policiais da 58ª DP foram ameaçados de morte pelos bandidos, que estariam se preparando para atacar a 32ª DP, em Itaquera, também na Zona Leste, quando quatro foram presos. Munhoz estava de plantão e registrou as prisões.

Em Ribeirão Preto, no interior, uma base da PM e uma concessionária de motos foram atacadas a tiros. No bairro Simioni, comerciantes foram obrigados a fechar as portas. O motivo seria a morte de um rapaz da comunidade. Na capital, a SPTrans informou que 63 ônibus foram queimados ou baleados.

No balanço oficial divulgado ontem pela Secretaria de Segurança, o número de presos acusados de participação nos atentados desde 11 de julho já chega a 187. Quatro suspeitos, segundo o balanço, foram mortos em confronto com a PM. Das 187 prisões, aproximadamente 45 teriam ajudado a evitar novos ataques do crime organizado, já que os suspeitos portavam materiais explosivos. Dois motoqueiros atiraram de madrugada na guarita de vigilância particular do Condomínio Parque dos Príncipes, na Zona Oeste de São Paulo. O vigia escapou com vida do atentado. Os criminosos fugiram sem ser identificados.