Título: PETROBRAS RECOMPRA US$1 BI EM TÍTULOS
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 19/07/2006, Economia, p. 24

Intenção é reduzir dívidas. Volume representa 22,2% do total no exterior

Até a próxima segunda-feira, a Petrobras vai retirar do mercado até US$1 bilhão em títulos da empresa que hoje estão nas mãos de investidores internacionais. A operação vai reduzir o endividamento externo e engordar o caixa da companhia. O volume resgatado corresponde a 22,2% do total de US$4,5 bilhões em papéis da empresa no exterior. Os títulos, lançados entre 2001 e 2003, têm vencimento entre abril de 2008 e dezembro de 2018.

Como os papéis foram lançados num momento de maior turbulência do mercado financeiro, rendem ao investidor uma taxa alta, bem acima da que a Petrobras pagaria hoje para lançar títulos de mesmo perfil no exterior. O custo mais elevado motivou a recompra pela companhia.

¿ Para se ter uma idéia, o mesmo papel com vencimento em dez anos que rendia 9% ao ano para o investidor, hoje seria emitido a um custo inferior a 7% ao ano. Não há vantagem, para nós, em ter um título tão caro no mercado ¿ pondera Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras.

Cerca de 50% dos investidores são americanos

Para vender os ativos para a Petrobras, os investidores ¿ mais de 50% deles são americanos e outros 30%, europeus ¿ receberão entre 110% e 115% do valor de lançamento dos papéis, uma espécie de prêmio para estimular a recompra pela empresa:

¿ Não esperamos que todos os investidores vendam seus papéis, mas acreditamos que boa parte deve aderir à oferta ¿ diz Barbassa.

As ações da Petrobras subiram 0,11% ontem, acompanhando a recuperação do mercado financeiro brasileiro, mas ainda sob os efeitos negativos da queda na cotação do petróleo no exterior.

No Brasil, os negócios minguaram diante da expectativa dos investidores em relação à divulgação, hoje, da inflação ao consumidor nos Estados Unidos e da nova taxa de juros brasileira, que será definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa dos analistas é de que os juros caiam 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano.

Dólar tem terceira queda consecutiva. Bolsa sobe 0,76%

Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da Mandarim Gestão de Ativos, os dados da economia americana determinarão a trajetória de curto prazo dos mercados:

¿ Se o núcleo da inflação dos EUA ficar em torno de 0,2% em junho, a taxa acumulada em 12 meses saltará de 2,44% para 2,60%, fora dos níveis considerados confortáveis pelo banco central americano. Isso pode significar que os juros nos EUA subirão além do esperado para controlar a inflação. Por outro lado, se o núcleo vier comportado, o mercado pode ganhar fôlego para continuar o movimento de recuperação dos últimos dias ¿ diz Velho.

Ontem, o dólar caiu pelo terceiro dia consecutivo. As compras diárias do Banco Central (BC) têm tido efeito limitado sobre as cotações. A moeda americana fechou em queda de 0,50%, cotada a R$2,194 para venda. Na mínima, chegou a valer R$2,190. O risco-Brasil recuou 3,64%, para 238 pontos centesimais. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que chegou a cair mais de 1%, fechou em alta de 0,76%.