Título: COMÉRCIO CRESCE, MAS EM RITMO MENOR: 0,59%
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 19/07/2006, Economia, p. 27

IBGE diz que, apesar da `variação tímida¿ de maio, setor está há 3 meses em alta, puxada por renda, crédito e inflação baixa

As vendas do comércio brasileiro avançaram em maio, mas num ritmo bem menor. No mês, o varejo vendeu, já com ajuste sazonal, apenas 0,59% a mais do que em abril ¿ que chegou a registrar uma taxa quase três vezes superior, de 1,58%, frente a março. No ano, o volume de vendas acumula alta de 6% e, em 12 meses, a variação é de 5,44%. As informações são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo IBGE.

¿ Apesar da variação tímida em maio na série com ajuste sazonal, não se pode ignorar que o comércio completa um ciclo com três taxas positiva consecutivas ¿ ponderou Reinaldo Pereira, economista do IBGE.

Em maio, só setor de móveis e eletrodomésticos avançou

Pereira acrescentou que a variação do volume de vendas acumuladas este ano já é superior à verificada em 2005. Ano passado, a alta foi de 4,84%.

Na série com ajuste, apenas uma atividade apresentou avanços em maio. Trata-se do setor de móveis e eletrodomésticos, com alta de 5,61%. Isso, segundo o técnico, é um efeito da manutenção do crédito ao consumidor. E mais:

¿ A Copa também pode ter contribuído para as vendas de maio. Afinal, houve grande procura por televisores ¿ disse o economista do IBGE.

Na comparação com igual mês de 2005, o varejo apresentou expansão: em maio, a alta foi de 7,32%. O avanço foi, no entanto, pouco menor do que fora atingido em abril (7,46%). Destaques para os setores de hiper e supermercados (7,36%), tecidos e vestuário (9,26%), móveis e eletrodomésticos (14,97%) e equipamentos e material para escritório (44,55%). Houve recuos, porém, no segmento de combustíveis e lubrificantes (11,92%).

¿ Houve melhora no rendimento médio do trabalhador e avanço na ocupação. Crédito no varejo e redução de taxa de juros também contribuíram. Além da desvalorização do dólar, que favorece os preços de alguns itens ¿ disse Pereira.

O economista explicou ainda que o varejo também se beneficia com a inflação sob controle, com deflação (queda de preços) nos alimentos:

¿ A inflação baixa dá mais espaço para o consumidor.

Na avaliação de Pereira, o cenário macroeconômico está positivo para o comércio, sem, em princípio, qualquer pressão que possa comprometer as vendas até o fim do ano:

¿ Não há motivos para que os números ao longo do ano sejam diferentes dos de 2005. Ainda que seja um ano eleitoral, até o momento, o cenário é positivo.

Receita nominal cresceu 0,38% no mês e 8,1% no ano

Segundo Pereira, os números do comércio de maio mostram que o setor também participa do processo de reaquecimento da economia:

¿ Na variação sem ajuste, o varejo mostra que espelha o comportamento da indústria, que está em reaquecimento.

A pesquisa do IBGE mostrou ainda que a receita nominal cresceu 0,38% em maio sobre abril, na série com ajuste sazonal. Em relação a maio de 2005, a variação é de 8,24%. No ano, a receita acumula alta de 8,10% e, em 12 meses, 8,73%.