Título: EUA QUEREM ABERTURA DE EMERGENTES
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 19/07/2006, Economia, p. 30
Para negociador americano, G-20 emperra Doha ao não melhorar suas ofertas
WASHINGTON. O governo dos Estados Unidos deixou claro ontem que as negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), só avançarão se os países em desenvolvimento concordarem com a abertura total de seus mercados. Segundo Jason Hafemeister, vice-diretor assistente do Escritório de Comércio da Casa Branca (USTR), ¿a palavra de ordem é abertura de mercados¿. Em entrevista a correspondentes estrangeiros, ele criticou a postura do Brasil, em particular, e a do G-20 (que reúne países emergentes), em geral.
Na visão do governo americano, o G-20 estaria amarrando as negociações. As propostas do grupo, disse Hafemeister, não incluem a abertura de seus mercados aos produtos dos EUA e outros países desenvolvidos:
¿ No caso do Brasil, não vemos melhorar em 90% das tarifas. O Brasil cortaria apenas entre 7% e 9% as suas tarifas em agricultura. Achamos que o país pode fazer mais. Certamente sabemos que se trata de um competidor, assim como a Argentina. Mas eles não precisam dessa proteção. Seria benéfico para os seus consumidores se deixassem entrar alguns bons produtos americanos.
Referindo-se à América Latina, em geral, Hafemeister disse que a região deveria abrir mais o jogo, colocando algumas ofertas melhores sobre à mesa de negociações.
¿ Sem acesso aos mercados a rodada da OMC perde o seu significado ¿ afirmou.
Hafemeister, que é o responsável pelas negociações dos EUA no setor agrícola, afirmou que o país está disposto ¿a ir a zero¿ nessa área. Ou seja: acabar com as tarifas sobre a importação de produtos agrícolas.
¿ Não há limite para nossas ambições em termos de reformas ¿ afirmou. ¿ Podemos reduzir as tarifas a zero. Mas antes disso esperamos para ver as propostas que (os demais) colocarão sobre a mesa.
O negociador americano admitiu que, internamente, o governo dos EUA está enfrentando duras negociações com os produtores agrícolas. E disse que as outras áreas estariam dispostas a perder subsídios do governo, desde que os outros países se abrissem mais:
¿ O que ouvimos de nosso Congresso e do nosso setor privado é a mesma mensagem: dêem-nos acesso aos mercados e estaremos prontos para as reformas necessárias.