Título: `Ô, BUSH, MAIS RESPEITO COM BLAIR!¿
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Fonte: O Globo, 19/07/2006, O Mundo, p. 33
Imprensa critica interjeição usada por presidente e subserviência do primeiro-ministro
LONDRES. O primeiro-ministro Tony Blair voltou a ser chamado ontem pelos tablóides londrinos de ¿poodle de Bush¿, depois que uma conversa informal com o presidente dos Estados Unidos foi acidentalmente gravada e divulgada durante o encontro do G-8 em São Petersburgo. Durante o almoço de segunda-feira, os dois líderes fofocavam, sem saber que o microfone à frente deles estava ligado, divulgando suas palavras para o mundo todo.
Deixando de lado as formalidades diplomáticas, Bush chamou o primeiro-ministro britânico, seu maior aliado político na Europa, com as palavras ¿ô, Blair¿. E emendou, apresentando sua solução para a crise no Oriente Médio: a Síria deveria pressionar o Hezbollah a ¿parar com essa merda¿.
Na análise da imprensa britânica, a conversa teria flagrado o papel subserviente de Blair e deixado clara a natureza desigual da tão propalada ¿relação especial¿ dos EUA com a Grã-Bretanha.
¿Ô, Bush! Comece a tratar nosso primeiro-ministro com respeito¿, estampou o ¿Daily Mirror¿, um dos vários jornais britânicos que interpretaram a saudação de Bush como desrespeitosa. Ainda segundo o ¿Daily Mirror¿, a divulgação da conversa ¿reforça a nociva imagem pública de Blair como o poodle do presidente dos EUA¿. O ¿Independent¿ estampou a frase em letras garrafais em sua primeira página.
Mas pior ainda para a imagem de Blair foi o que os analistas viram como um pedido de permissão ¿ negado por Bush ¿ para visitar o Oriente Médio com o objetivo de negociar a paz entre Israel e o Hezbollah. Blair sugeriu ainda que poderia preparar o terreno para uma visita da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, já que ¿se ela for, tem que ser bem sucedida, enquanto eu posso ir e apenas conversar¿.
Nas palavras do esquerdista ¿Guardian¿, Blair se ofereceu para carregar as malas dela (Rice). ¿Ele parece mais um funcionário do Bush, esperando por um sinal verde ¿ que não foi dado ¿ do que o líder de um governo soberano¿, sustentou o jornal. Na análise do ¿Independent¿, a oferta de Blair é um retrocesso.
Para Wyn Grant, professor de política da Universidade Warwick, a conversa sugere ¿que talvez Blair não tenha com Bush o tipo de relacionamento que gosta de dizer que tem¿. Mas, ainda segundo Grant, a conversa só reflete a realidade.
¿ A relação EUA-Grã-Bretanha desde a Segunda Guerra Mundial sempre foi assimétrica. Sempre foi marcada pelo domínio dos EUA.