Título: BUSH ACUSA SÍRIA DE QUERER REOCUPAR O LÍBANO
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Fonte: O Globo, 19/07/2006, O Mundo, p. 33

Presidente dos EUA diz que Teerã e Damasco apóiam ataques a Israel e alerta para enfraquecimento de governo libanês

WASHINGTON. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, acusou ontem a Síria e o Irã de estarem por trás dos ataques do grupo radical xiita libanês Hezbollah a Israel e disse que o governo sírio parece estar querendo restabelecer seu domínio sobre o Líbano, onde manteve tropas por quase três décadas até ser forçado pela comunidade internacional a uma retirada em 2005.

Aliado incondicional de Israel, Bush reiterou sua opinião de que o país está agindo em legítima defesa e exortou Damasco e Teerã a exercerem sua influência sobre o Hezbollah para que este detenha seus ataques com foguetes às cidades israelenses e liberte os dois militares seqüestrados na semana passada.

¿ A raiz da atual instabilidade é o terrorismo e os ataques terroristas a um país democrático ¿ disse Bush. ¿ E parte desses ataques terroristas é inspirada por nações como Síria e Irã. Para poder lidar com esta crise, o mundo deve lidar com o Hezbollah, com a Síria e continuar a trabalhar para isolar o Irã.

O presidente dos Estados Unidos pediu a Israel evitar ações que possam causar o colapso do frágil governo libanês, que assumiu o poder no ano passado após a retirada das tropas sírias do país.

A despeito de pressões crescentes para um envolvimento maior de Washington na mediação de um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que só viajará à região ¿quando for apropriado, quando for necessário e ajude a situação¿. A secretária disse ser favorável a um cessar-fogo somente quando as condições forem propícias. Segundo o embaixador israelense na ONU, Dan Gillerman, ela deve embarcar para o Oriente Médio na sexta-feira após conversar com o secretário-geral da organização, Kofi Annan.

Irã nega uso de tropas ou foguetes do país contra Israel

Analistas têm dito que o Irã pode estar usando sua influência junto ao Hezbollah para mostrar que tem como prejudicar os aliados e os interesses dos Estados Unidos se Washington seguir adiante com seus esforços de levar a ONU a impor sanções ao país por causa do programa nuclear de Teerã. O governo iraniano admite dar apoio moral ao Hezbollah, mas nega acusações de que tropas ou foguetes iranianos tenham sido usados contra Israel nos últimos ataques. Especialistas dizem que o Irã forneceu ao grupo radical xiita centenas de foguetes com alcance maior do que os Katiushas, deixando uma parte considerável do território e da população israelenses ao alcance do poder de fogo do Hezbollah.

Bush, no entanto, reservou para a Síria ¿ cuja sombra ainda se projeta fortemente sobre a política libanesa, na qual de imiscuiu diretamente durante 28 anos ¿ as críticas mais fortes.

¿ A Síria está tentando voltar ao Líbano, me parece ¿ afirmou ele. ¿ Há suspeitas de que a instabilidade criada pelos ataques do Hezbollah levará alguns no Líbano a pedirem a volta da Síria.