Título: CNI: GASTOS FEDERAIS SÃO RISCO PARA O CRESCIMENTO
Autor: Flávia Barbosa
Fonte: O Globo, 20/07/2006, Economia, p. 27

Entidade diz que despesas, que sobem a uma taxa de 10% ao ano, limitam investimentos

BRASÍLIA. O aumento dos gastos correntes do governo federal, a uma taxa de 10% ao ano, constitui-se hoje no maior entrave à expansão econômica, em 2006 e a longo prazo. O alerta, feito ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera que o aumento das despesas com custeio da máquina administrativa, programas sociais, pessoal e benefícios previdenciários está reduzindo a capacidade de a União investir, sobretudo em infra-estrutura, e exacerbando o conservadorismo do Banco Central (BC) na fixação da taxa básica de juros.

Com isso, o setor privado se sente desestimulado a ampliar a produção, condenando o país a crescer menos de 4% ao ano, explica o economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI:

¿ Não tem país no mundo que sustente 10% de crescimento dos gastos correntes por ano com um Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas geradas pelo país) crescendo menos de 4%. Ou isso vai gerar déficits nominais cada vez maiores, ou uma necessidade de tributação maior, ou inflação.

Segundo a entidade, as despesas correntes subiram, apenas entre janeiro e maio deste ano, 9,6%. Os principais motores desta expansão foram os reajustes concedidos ao funcionalismo, ao salário-mínimo e aos benefícios sociais.