Título: CVM QUER EXPLICAÇÕES DA PERDIGÃO
Autor: Patricia Eloy e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 20/07/2006, Economia, p. 28

Autarquia espera ainda que Sadia esclareça destino da oferta e alta de ações

RIO e SÃO PAULO. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu ontem mais informações à Perdigão sobre a recusa à oferta de compra pela Sadia, feita na última segunda-feira. Segundo a autarquia ¿ que regula e fiscaliza o mercado de capitais brasileiro ¿ a Perdigão ainda não explicou os motivos para a recusa. A CVM recebeu apenas uma ata da reunião de acionistas e as negativas da Weg e da Perdigão Previdência, minoria entre os acionistas. Para a CVM, a documentação não é suficiente para caracterizar uma recusa, pois não foi feita formalmente pela maioria dos acionistas.

A CVM também exigiu que a Sadia divulgue ao mercado se irá modificar ou não a proposta ou abrir mão do negócio. A autarquia espera ainda esclarecimentos da Sadia sobre a disparada de suas ações no mercado, antes de a oferta pública ser anunciada. Recentemente, a CVM suspendeu a negociação com as ações da Arcelor devido a dúvidas em relação à oferta de compra feita pela Mittal. Isso não foi feito no caso de Sadia e Perdigão. Segundo a CVM, a autarquia não chegou a discutir o processo.

A Sadia recorreu ontem à CVM para questionar o argumento da Perdigão para vetar a operação. A Sadia ofereceu comprar todas as ações por R$27,88 por papel ¿ um prêmio de 35% sobre a cotação média nos últimos 30 dias. No entendimento da Perdigão, a Sadia só poderia fazer essa oferta se já fosse dona de pelo menos 20%. Esse foi um dos pontos apresentados pelos grandes fundos de pensão e pela Weg, donos de 55,38%, para recusar a oferta. Para a Sadia, é necessário que os outros acionistas ¿tenham a oportunidade de examinar todos os termos e condições contidos na oferta¿.

A percepção dos analistas é que a negociação estaria apenas no início, e seria possível um entendimento com uma oferta maior. ¿A situação atual é de uma empresa com perfil comprador e de outra que aceita ser vendida, dependendo apenas de um preço que seja atrativo¿, diz relatório do banco Brascan.