Título: CRÍTICAS FAZEM EUA DEIXAR DE COBRAR POR RETIRADA
Autor: Carol Knoploch, Leonardo Valente e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 20/07/2006, O Mundo, p. 32

Governo planejava pedir promissória para cidadãos no Líbano

WASHINGTON. Depois de receber uma enxurrada de reclamações, inclusive de deputados e senadores, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, decidiu intervir e suspender algo que os queixosos classificavam como um absurdo. Eles estavam indignados com o fato do governo dos EUA ter anunciado que cobraria para retirar do Líbano, levando para o vizinho Chipre em helicópteros e navios, os americanos que quisessem escapar do conflito.

¿ Nenhum cidadão americano deixará de ser embarcado porque deixou em casa o seu talão de cheques ou o cartão de crédito. Nós pediremos que assinem uma nota promissória. Primeiro vamos afastar as pessoas do perigo e depois, então, cuidaremos da burocracia ¿ garantiu Maura Harty, secretária de Estado Assistente para Assuntos Consulares, ao informar da cobrança no início da noite de terça-feira.

EUA têm cerca de 25 mil cidadãos no Líbano

A reação foi fulminante e engrossou ainda mais as queixas dos dias anteriores sobre a lentidão do governo dos EUA, que demorou oito dias para, então, começar a pensar numa evacuação em massa ¿ iniciada ontem ¿ depois que Itália, França, e Brasil já tinham providenciado a retirada de seus cidadãos.

Há 25 mil americanos no Líbano. Quinze mil deles se registraram na embaixada americana, pedindo ajuda para sair:

¿ Um país que pode gastar mais de US$300 bilhões numa guerra no Iraque pode, muito bem, conseguir dinheiro para tirar os seus cidadãos do Líbano. Em vez de se preocupar com o pagamento o governo deveria é estar buscando a maneira mais rápida de tirar os americanos da zona de perigo ¿ disse a líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi.

Harty, então, explicou que a cobrança do transporte ¿ que teria de ser equivalente ao preço de um vôo comercial ¿ estava prevista numa lei de 1956. Diante isso, a senadora Debbie Stabenow ¿ que, como outros parlamentares, havia recebido centenas de telefonemas e e-mails de familiares de pessoas retidas no Líbano ¿ anunciou que apresentaria ontem de manhã uma legislação que dispensasse aquelas pessoas de pagar por sua retirada de emergência.

Não foi preciso. A secretária de Estado, Condoleezza Rice, decidiu agir por conta própria e, no final da noite, divulgou um comunicado dizendo que abriria uma exceção desta vez: ninguém teria de reembolsar o governo pela carona para fora do Líbano. ¿Nesse caso extraordinário¿, dizia o texto, ¿nós queremos fazer tudo o que pudermos para facilitar a partida dos americanos que estão no Líbano. Isso remove uma preocupação potencial para os nossos cidadãos nesse momento difícil¿.