Título: Após euforia, dólar sobe e Bolsa cai
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 21/07/2006, Economia, p. 33

Mercados têm dia de correção, influenciados por incertezas sobre juros nos EUA

RIO e NOVA YORK. Passado o entusiasmo da véspera - em que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) disparou 4,71%, acompanhando a alta de mais de 2% das bolsas americanas - o dia foi de correções nos preços dos ativos em todo o mundo. Investidores garantiram lucros de curto prazo vendendo ações nos principais mercados globais. No Brasil, após a queda de quase 1% na cotação do dólar, anteontem, compradores aproveitaram para comprar moeda a um valor mais baixo, fazendo o câmbio encerrar os negócios em alta, influenciado também pela compra de dólares pelo Banco Central (BC).

A Bovespa iniciou os negócios em alta de 0,70%, mas acabou acompanhando o desempenho negativo das bolsas americanas e fechou em queda de 2,55%, na mínima do dia, aos 35.846 pontos.

O tom negativo dos mercados foi intensificado pela divulgação, no fim da tarde, da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), em 29 de junho, que elevou os juros para 5,25%. Após a ata, a Bovespa, que recuava pouco mais de 1%, não parou de cair até atingir a mínima do dia.

O documento mostrou que os membros do comitê estavam preocupados com a inflação e incertos quanto a uma nova alta de juros, ressaltando a necessidade de analisar mais dados. Apesar de o Fed reconhecer que algumas empresas já estão tendo dificuldades para contratar trabalhadores especializados, a conclusão geral foi de que a economia está desacelerando. Mesmo assim, as bolsas caíram.

Após a forte alta da véspera, o índice Dow Jones recuou 0,76% e o Nasdaq, 1,98%, influenciado ainda pela queda de 5% nos papéis da Intel, que divulgou resultados abaixo das estimativas.

BC movimenta US$1,349 bi no mercado futuro de câmbio

O dólar avançou 0,73% em relação ao real, cotado a R$2,193 para venda. Após um jejum de três meses, o Banco Central retomou ontem os leilões de compra de dólares no mercado futuro de câmbio, chamados, no jargão do mercado financeiro, de leilões de swap cambial reverso.

Na operação, o BC oferece a variação dos juros para as instituições financeiras e recebe em troca a oscilação do câmbio. A autoridade monetária vendeu 28,5 mil dos 29,6 mil contratos oferecidos ao mercado, num total de US$1,349 bilhão. O BC fez ainda um leilão de compra de dólares no mercado à vista (por R$2,192). As duas operações ajudaram a manter as cotações em alta. Ontem, o risco-Brasil recuou 0,42%, para 235 pontos centesimais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro ontem que não concorda com os apelos do setor produtivo e do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, pelo fim da cobrança da CPMF sobre a receita obtida com as exportações que ficar no exterior.

(*) Com agências internacionais