Título: EM MEIO AO ÊXODO DE ESTRANGEIROS, FORÇA DOS EUA DESEMBARCA NO LÍBANO
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Fonte: O Globo, 21/07/2006, O Mundo, p. 37
Fila de barcos em Beirute. Chipre pede ajuda à UE para lidar com refugiados
BEIRUTE. Barcos, aviões e efetivos militares de vários países chegaram ontem ao Líbano para auxiliar no êxodo em massa de estrangeiros que fogem dos combates. Entre eles, estava um contingente militar americano, que retorna ao país pela primeira vez em 22 anos.
Com o porto de Beirute congestionado, os navios tinham que aguardar a vez de atracar, com o mesmo ocorrendo em Larnaca, Chipre - a 85 quilômetros da costa libanesa, principal destino dos resgatados. Alguns navios, como o que levava 1.300 suecos, foram desviados para o porto cipriota de Limassol.
Quarenta militares americanos desembarcaram ontem nas praias do norte do Líbano e recolheram 300 cidadãos, que foram levados para o navio USS Nashville, que mais tarde partiu com 1.052 pessoas para Chipre. Este foi o primeiro retorno das forças americanas ao país desde a partida em 1984, meses após um atentado destruir alojamentos dos fuzileiros navais, matando 241 americanos.
Os alto-falantes do Nashville transmitiam música clássica, enquanto americanos assustados subiam a bordo.
- Foi um caos. Todos empurravam para chegar ao posto de controle. Os mais idosos pareciam que iam ter um colapso - contou o americano Hisam Ajouz, de Michigan.
O Canadá - que já perdeu oito cidadãos no conflito - começou sua operação ontem, retirando 261 pessoas. Em Chipre, 63 embarcaram no vôo do primeiro-ministro Stephen Harper, que foi para o Chipre após encerrar uma visita oficial à Europa. Cerca de 30 mil canadenses querem deixar o Líbano.
Chipre já recebeu 12 mil refugiados do conflito
A Dinamarca já retirou 5 mil pessoas, no que o governo definiu como sua maior operação de evacuação desde a Segunda Guerra. A Alemanha, que chegou a ser criticada por sua demora, tirou 3,5 mil. O Reino Unido deve retirar 2 mil hoje.
A França, um dos primeiros países a contratar navios para a retirada de seus cidadãos, já transportou cerca de 2 mil franceses e mais 500 cidadãos de outras nacionalidades.
Principal destino, Chipre pediu à União Européia que ajude com o fluxo de refugiados. Pelo menos 12 mil estrangeiros já chegaram ao país desde segunda-feira. Hotéis em Limassol e Larnaca estão lotados. A prioridade nos portos é para o desembarque de navios vindos do Líbano e o aeroporto internacional de Larnaca opera três vezes acima de sua capacidade.
- No momento, Chipre é a única saída. A situação está ficando difícil - disse Makis Constantinides, diretor-geral do Ministério para Comunicação.
A Turquia também se organizava para ajudar os estrangeiros que estão desembarcando no porto de Mersin, sul do país.
Mas muitos ainda não conseguiram deixar o sul do Líbano, como um grupo de mais de cem russos, isolados perto da fronteira com Israel. O Ministério do Exterior russo disse que estava preocupado com a situação.
Enquanto muitos fogem por mar, dezenas de milhares de estrangeiros e libaneses cruzam a fronteira com a Síria. Pelo menos 50 mil pessoas a atravessaram ontem.
Cuba, por outro lado, não pensa em retirar seus cerca de cem cidadãos no país, segundo o embaixador em Beirute, Darío Urra, que vai ficar no Líbano.