Título: POLÍTICO NOVATO NÃO SIGNIFICA HONESTIDADE
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 22/07/2006, O País, p. 11

Especialistas põem em xeque renovação

BRASÍLIA. Dos 57 parlamentares citados pela CPI dos Sanguessugas, 23 deputados, que representam 40% dos envolvidos no escândalo, estão no primeiro mandato no Congresso Nacional. Os números põem em xeque a tese de que a renovação dos congressistas nas eleições é a solução para se combater a corrupção. Político novo, necessariamente, não é sinônimo de político honesto.

Nas lista dos acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas de primeiro mandato, cinco são do PP, quatro do PL, três do PTB, três do PSB, dois do PMDB, dois do PFL, dois do PRB, um do PPS e um do PSDB. Dos 13 deputados da bancada do Rio que aparecem na lista da CPI, seis se elegeram para a Câmara pela primeira vez. Para os cientistas políticos, é falsa a idéia de que renovar o Congresso vai torná-lo melhor. Para Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos, um parlamentar novato, com exceções, participa de esquema já pensando na reeleição, pois é menos conhecido e tem dificuldade financeira:

¿ São deputados que não têm trajetória política, eleitos pelo clientelismo. Um político experiente não se envolve ou se o faz sabe como não ser pego. Em última instância, a culpa é do eleitor, que escolhe mal e não tem muito do que reclamar.

O cientista político Murilo Aragão, que acompanha a atuação dos parlamentares há 25 anos, disse que o fato do parlamentar ser vinculado a grupos corporativos, como ruralistas e evangélicos, compromete sua qualidade:

¿ Quem integra esses grupos faz campanhas mais caras, por conta desse apoio.

Para o analista político Gaudêncio Torquato, para evitar a reeleição de sanguessugas é preciso que o noticiário envolvendo seus nomes prossiga até a eleição. Ele crê que em algumas regiões não há denúncia que impeça o voto nesses políticos.