Título: DONO AMERICANO DA VARIG DIVIDE OPINIÕES
Autor: Glauce Cavalcanti e Mirelle de França
Fonte: O Globo, 22/07/2006, Economia, p. 30

Fundo americano é especializado em comprar grupos em dificuldade

NOVA YORK e SÃO PAULO. Os detratores dizem que eles são um ¿fundo abutre¿. Os amigos preferem o rótulo de ¿fundo de proteção¿. Mas uns e outros concordam que o fundo americano Matlin Patterson, um dos novos donos da Varig, é muito agressivo nos negócios e já deu demonstrações de que é duro na negociação e na administração das empresas. Um exemplo disso é o que aconteceu com a ATA Airlines, uma companhia aérea americana arrematada pelo Matlin.

A ATA, como a Varig, estava em recuperação judicial. Foi comprada em novembro de 2005 pelo fundo por US$30 milhões, com o compromisso de investimento de mais US$70 milhões. Após a compra, a Matlin Patterson tirou a ATA da recuperação judicial e fechou o capital da empresa (tirou suas ações da bolsa). A estratégia foi concentrar suas operações nas rotas de maior movimento e, em junho deste ano, a companhia aérea havia reduzido a oferta de lugares em 50% e em 53,5% o número de passageiros embarcados.

Como a Varig, a ATA tinha uma história de sucesso: era uma empressa de discount (com passagens mais baratas e menos serviço, como a Gol) , que chegou a ser a décima companhia aérea americana, com 8.200 funcionários (na época da venda havia apenas 4.200). Foi derrotada pela guerra de preços neste mercado e pelo aumento do preço do combustível, sendo obrigada a pedir falência em outubro de 2004. Segundo o jornal ¿Indy Star¿, o processo de compra da empresa foi marcado por acusações dos credores ao juiz do Tribunal de Falências de que a Matlin Petterson se uniu à concorrente Southwest (também uma companhia aérea de preços mais baixos) para forçar a redução do espaço da ATA em Chicago Midway, onde era líder, convencendo a administração que o fundo era a única saída para a ATA continuar a existir.

¿ Se isso fosse verdade, teria dado prisão. O Matlin Patterson é um dos maiores fundos de privaty equity (fundo de investimento em que os recursops são administrados por terceiros e investidos em empresas) dos EUA. Mas nunca é fácil negociar com ele ¿ diz um consultor.

A estratégia do Matlin Patterson é sempre comprar firmas em dificuldades, pelo menor preço possível, recuperá-las e vendê-las num prazo médio de quatro ou cinco anos. Segundo a revista ¿Forbes¿, a margem de lucro dessas operações é de 40%. Por isso, alguns consultores acham que a ATA de hoje é a Varig de amanhã

Já a Volo foi constituída como uma empresa de propósito específico para atuar nas áreas de logística e transportes. Além do fundo americano Matlin & Patterson, comandado pelo chinês Lap Chan, tem outros três sócios brasileiros: o empresário Marco Antonio Audi, Marcos Haftel, que representa um fundo de private equity no Brasil, e o operador de mercado Luiz Eduardo Gallo. Audi é dono da Audi Helicópteros, representante no Brasil da Robinson, fabricante americana desse tipo de aeronaves. E tem participação em outros empreendimentos, como a HeliSolutions, empresa de compartilhamento de aeronaves .