Título: CELULARES REGISTRAM 1ª QUEDA NO PAÍS
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 22/07/2006, Economia, p. 32

Número de aparelhos caiu 0,67%, devido à baixa de 1,8 milhão da Vivo

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Pela primeira vez na história, o número de celulares operando no Brasil recuou. Em junho, segundo dados levantados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), eram 91.760.171 aparelhos ligados, 617.165 a menos (queda de 0,67%) que em maio, quando o total foi de 92.377.336. Segundo a Anatel, a queda deveu-se ao ajuste que a operadora Vivo fez em sua base de clientes, o que acabou cortando de seus dados 1,8 milhão de celulares.

A empresa, que é a líder no país no setor de telefonia móvel, informou ontem ao mercado que enxugou sua base de clientes por se tratarem de celulares inativos. A Vivo disse que tentou reativá-los, sem sucesso. No segundo trimestre, ela fechou com 28,525 milhões de aparelhos habilitados, 5,35% abaixo dos 30,138 milhões registrados entre janeiro e março.

Vivo teve prejuízo de R$493 milhões no trimestre

Desde que os serviços de telefonia celular começaram no país, no início da década de 1990, a Anatel somente havia registrado aumento no número de aparelhos em funcionamento. Com a forte concorrência no setor ¿ especialmente após a privatização do Sistema Telebrás, em 1998 ¿ os preços cada vez mais acessíveis atraíam os clientes.

Em janeiro passado, havia 87.470.911 unidades, quase dez milhões a mais que no mesmo mês de 2005. No ano passado, a expansão chegou a 31,40% mas, no primeiro semestre de 2006, já havia desacelerado para 6,44%.

A Vivo também informou ontem ter tido um prejuízo de R$493,1 milhões no segundo trimestre, frente a perdas de R$252,7 milhões no mesmo período de 2005. Esse resultado se deveu a uma provisão para devedores duvidosos extraordinária, de R$161,5 milhões ¿ recursos consumidos exatamente na limpeza da base de usuários.

¿ As outras operadoras passaram por momentos difíceis e estamos passando por um agora ¿ disse o presidente da Vivo, Roberto Lima, ao apresentar os números da empresa na Associação dos Profissionais do Investimento no Mercado de Capitais (Apimec).

Ele disse que espera nunca mais ter de explicar diferenças decorrentes de provisão para devedores duvidosos. Mas uma analista que participava da reunião não tinha tanta certeza:

¿ A provisão fez sentido, em função da limpeza da base de clientes. Minha preocupação é se vem mais alguma coisa ou não.

Receita média por usuário da companhia também caiu

A provisão foi de R$338,7 milhões no segundo trimestre, o equivalente a 9% da receita bruta total. Descontada a provisão considerada extraordinária pela companhia, esse percentual cai para 4,7%. Ainda alto para os padrões do setor, que analistas situam entre 2% e 3% da receita bruta. A geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 48,9%, de R$599,3 milhões para R$306,3 milhões.

Também houve recuo da receita média por usuários. Em relação ao segundo trimestre de 2005, a queda foi de 15,7%, para R$24,1. Segundo a Vivo, essa queda se deveu ao ¿deslocamento de tráfego fixo-móvel para móvel-móvel¿ e a promoções de minutos no trimestre.

(*) Com agências internacionais