Título: AS FEDERAIS DO RIO ACUMULAM DÍVIDAS
Autor: José Casado e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 23/07/2006, O País, p. 3

Falta de verbas afeta conservação de prédios e laboratórios, além de salários de professores

Há menos de um ano, em agosto passado, reitores das quatro universidades federais do Estado do Rio e o diretor do Centro Federal de Química (Cefet) chamaram a atenção da sociedade para a crise vivida pelas instituições. Sem dinheiro, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e Universidade Federal Rural terminariam 2005 devendo R$31 milhões. A falta de verbas se refletiu nos atrasos em contas de luz, laboratórios sucateados e professores de menos.

Fato raro nos campus, membros de diretórios acadêmicos apoiaram as reclamações dos reitores e denunciaram os muitos problemas das universidades federais, a maioria ainda não resolvida. Na UFF, por exemplo, uma das principais reivindicações era a construção de um alojamento para estudantes, que não foi atendida. Alguns alunos que viviam na Casa do Estudante de Niterói, do governo do estado, foram despejados por não terem feito cadastramento, e passaram a viver em barracas no campus do Gragoatá. Outros problemas listados pelos estudantes e pela própria reitoria eram falta de professores, laboratórios precários e prédios precisando de obras.

Na UFRJ, uma das grandes reclamações dos alunos era a falta de um bandejão, promessa antiga da reitoria. Este ano, o reitor Aloísio Teixeira confirmou que o restaurante será construído. Problemas de conservação de laboratórios e de prédios, porém, persistem nos vários campus. A Unirio é outra que, apesar de recentes reformas, sofre com problemas de conservação como no prédio do Instituto Biomédico, no Centro.

Os hospitais universitários são problemas freqüentes. O Hospital Clementino Fraga Filho (UFRJ), o Antônio Pedro (UFF) e o Gaffrée e Guinle (Unirio) passaram por crises recentes, precisando de equipamentos e reformas.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Mato Grosso, Paulo Speller, explica que de 2003 a 2006 o orçamento destinado às universidades federais passou de R$500 milhões a R$1 bilhão. Segundo Speller, no governo Fernando Henrique, os reajustes dos repasses para as federais eram inferiores à inflação e, por isso, os problemas persistem:

¿ Há uma tendência de recuperação. O passivo foi tão grande no governo Fernando Henrique que ainda não recuperamos tudo.