Título: NO NORDESTE, ORDEM É ATRAIR OS CONSERVADORES
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 23/07/2006, O País, p. 13

Região deve ser nossa prioridade¿, diz Cesar Maia

BRASÍLIA. A estratégia do tucano Geraldo Alckmin para o Nordeste já tem linhas bem traçadas. No dia 4 de agosto, o candidato do PSDB à Presidência deverá apresentar seu programa de governo para a região ¿ ainda apenas uma idéia que começa a ser posta no papel. Do ponto de vista eleitoral, a ordem é tentar atrair o universo mais conservador, que representa 30% dos eleitores nordestinos. E aproveitar o bom momento nas pesquisas para assegurar o apoio de líderes municipais ¿ prefeitos e vereadores ¿ que controlam votos importantes.

¿Temos que ter consciência de que o Nordeste deve ser a nossa prioridade. É a região onde a diferença é maior ¿ ressalta o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL).

Para ampliar a vantagem no estado de São Paulo e nas regiões Sul e Centro Oeste, a orientação é o candidato tentar capitalizar ao máximo a insatisfação do setor do agronegócio com a crise no campo.

Transformando a imagem de chuchu em algo positivo

Em outra frente, a equipe de comunicação do candidato tucano tentará mudar pontos que até agora eram tido como defeitos de Alckmin. A imagem de chuchu, por exemplo, deverá ser vendida como significado de características positivas como a de um político sóbrio, discreto, simples e objetivo.

A preocupação inicial de que a onda de violência em São Paulo pudesse manchar a imagem de bom administrador de Alckmin foi reduzida diante do resultado das últimas pesquisas, nas quais o tucano José Serra mantém-se à frente na disputa estadual.

Alckmin e Serra terão de andar abraçados

Para manter a vantagem em São Paulo, foi traçada uma estratégia específica: mesmo sem terem superado o embate na disputa pela vaga de candidato à Presidência, Alckmin e o ex-prefeito José Serra não terão outra alternativa a não ser caminharem juntos. Gostando ou não, terão que andar abraçados, prevê um líder tucano.

Para neutralizar os dividendos eleitorais de Lula garantidos pelo sucesso do Bolsa Família, Alckmin está sendo orientado a salientar durante suas viagens que não só vai manter o programa, como pretende ampliá-lo.

O comando da campanha está de olho também no eleitorado religioso. Alckmin pretende reforçar seus laços com a Igreja Católica conservadora e buscar uma aproximação com os evangélicos. Para isso, deverá prosseguir nas conversas com o ex-governador Anthony Garotinho, do PMDB.