Título: TUCANOS TRAÇAM NOVA ESTRATÉGIA PARA ALCKMIN
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 23/07/2006, O País, p. 13

Com a possibilidade de segundo turno, idéia é neutralizar pontos negativos e valorizar crescimento de Heloísa

BRASÍLIA. Animados com as pesquisas indicando que a disputa presidencial poderá ser decidida em dois turnos, o comando da campanha tucana traçou nova estratégia que tem como idéia central, e de emergência, neutralizar os pontos negativos do candidato Geraldo Alckmin. Ainda que discretamente, será valorizado nos bastidores da campanha o crescimento da candidatura da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), considerado fundamental para que a eleição vá para o segundo turno.

Alckmin já adotou um discurso oposto ao do Palácio do Planalto e não se importa em fazer elogios públicos à adversária para dar legitimidade à campanha de Heloísa Helena.

¿ Trata-se de uma mulher forte, corajosa e coerente ¿ disse o candidato tucano esta semana mais de uma vez.

Além do crescimento de Heloísa Helena, a avaliação dos tucanos é que tanto ela como o candidato do PDT à Presidência, senador Cristovam Buarque (DF), terão papel importante, à medida que estão centrando sua artilharia contra as mazelas do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a vantagem de quem têm credibilidade, pois integraram as fileiras petistas e do governo. Os marqueteiros de Alckmin querem que ele fique com o discurso mais propositivo.

A coordenação da campanha de Alckmin já escalou um grupo de parlamentares aliados para ajudar a desconstruir a imagem de Lula e do PT, além de rebater eventuais ataques de seus concorrentes. Compõem o grupo o candidato a vice José Jorge, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Comícios vão explorar escândalos petistas

Eles vão explorar a cada comício os fatos negativos que atingiram o governo Lula, como o escândalo do mensalão e a milionária sociedade do filho do presidente, Fábio Lula da Silva, com a Telemar.

Para corrigir rumos da campanha, o PSDB e o PFL decidiram centrar esforços nos estados de grande densidade eleitoral onde Alckmin ainda está muito atrás de Lula, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de toda a região Nordeste. Líderes regionais aliados serão pressionados para que assumam mais abertamente a candidatura de Alckmin. Isso vale para o peemedebista Jarbas Vasconcelos em Pernambuco, o senador tucano Tasso Jereissati no Ceará, o pefelista Antonio Carlos Magalhães na Bahia e o governador mineiro Aécio Neves, do PSDB.

¿ Não tenho dúvida que haverá um engajamento maior de todos os aliados. As pesquisas deram novo ânimo para a militância, principalmente com a certeza de um segundo turno ¿ disse o coordenador de campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).