Título: Geraldo, a versão virtual de Alckmin
Autor: Bernardo Mello Franco
Fonte: O Globo, 25/07/2006, O País, p. 9

Geraldo anda impossível ¿ lamenta o retrocesso do Mercosul, quer ¿superar as diferenças regionais¿, mostra respeito pelo Nordeste na escolha do vice, planeja ¿trocar o mensalão por vagas de emprego¿ e está cheio de números para citar a seu favor. Geraldo não pára. Não está ligando o nome ao candidato? É ele mesmo, Alckmin, que repete a estratégia de se rebatizar Geraldo, como fez em outras batalhas por votos. O nome-de-guerra eleitoral nasceu da crença dos marqueteiros de que o sobrenome é difícil (isso num país onde contam-se aos milhares os Wellingtons, Suelens, Wandersons, Daianes e quetais).

A mudança parece uma obsessão do http://www.geraldo45.org.br/>, onde o nome é repetido à exaustão ¿ ontem, no fim da tarde, eram 16 menções somente na página inicial, que, bem dentro do espírito campanha-sem-caixa-2, aposta na simplicidade, sem salamaleques multimídia. Investe pesado nas promessas, sustentadas pela auto-avaliação de bom administrador. Sobra espaço, claro, para as provocações de opositor. O perfil, por exemplo, intitula-se ético já no link, bem abaixo do nome da coligação PSDB/PFL: ¿Por um Brasil decente¿. Sutil? Bom, mais do que a enquete, que não deixa barato: ¿Você acha que o presidente Lula sabia do mensalão?¿

No mais, quase nada. A página tem caminhos apenas para textos (não muito grandes, como reza a cartilha da internet), fotos burocráticas e nada de vídeos, à exceção dos comerciais de campanha. Geraldo, o virtual, é assim ¿ aposta no corpo-a-corpo à moda antiga, como no tempo em que os brasileiros tinham nomes mais convencionais.