Título: PRESIDENTE DE CPI DIZ QUE PODE ABRIR PROCESSO DISCIPLINAR CONTRA SENADOR
Autor: Bernardo Mello Franco/Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 26/07/2006, O País, p. 5

Biscaia afirma que Magno Malta quebrou decoro ao usar carro de máfia

BRASÍLIA. O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse ontem não ter dúvidas de que o senador Magno Malta (PL-ES) quebrou o decoro parlamentar ao usar por mais de um ano um carro que teria sido comprado pela máfia dos sanguessugas, como revelou ontem O GLOBO. Biscaia disse que já há elementos suficientes para que a CPI peça a abertura de processo disciplinar contra o senador, caso ele confirme ter utilizado o veículo, como fez ontem.

- Se confirmada a reportagem do GLOBO, fechou-se a cadeia dos elementos suficientes para inclui-lo no relatório (final da CPI) - disse Biscaia.

Líder dos sanguesugas disse que veículo foi propina

Magno Malta voltou a confirmar ontem, através de nota, ter usado o carro, que disse ter sido emprestado pelo deputado Lívio Rossi (PP-MT). Biscaia disse que a atitude do senador não tem justificativa:

- Eu não entendo que alguém utilize um carro por empréstimo de qualquer empresa, quanto mais da Planam, que é uma quadrilha.

Em seu depoimento, o líder da máfia disse ter dado o carro ao senador como pagamento adiantado de uma emenda no valor de R$1 milhão para a compra de ambulâncias em municípios do Espírito Santo. Malta nega e diz que o carro, usado para transportar sua banda gospel "Tempero do mundo", foi emprestado pelo deputado Lino Rossi (PP-MT).

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), disse ontem que considera o caso grave e diz ser passível de abertura de processo de cassação. O corregedor, no entanto, disse que antes vai analisar o depoimento completo de Vedoin e uma defesa por escrito de Malta, que ligou ontem para Tuma se defendendo. Pelo segundo dia consecutivo, Lino Rossi não retornou as ligações do GLOBO. Tuma disse que poderá acareá-lo com o dono da Planam.

Carro transportou banda

Senador diz que deputado emprestou Fiat

BRASÍLIA. O senador Magno Malta (PL-ES), que utilizou por um ano um carro que teria sido comprado pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia das ambulâncias, divulgou ontem uma nota em sua defesa, em que confirma que utilizou o veículo emprestado, mas nega que o carro seja de propriedade da família Vedoin ou de qualquer funcionário da empresa Planam.

No documento, ele afirma que o Fiat Ducato que utilizou foi um empréstimo do deputado Lino Rossi (PP-MT), feito entre setembro de 2003 e julho de 2005.

"O empréstimo do veículo foi pessoal, com caráter artístico e religioso. Infelizmente, só utilizei o referido carro porque, à época, necessitava de um veículo maior para transportar os integrantes da minha banda gospel pelo interior do estado do Espírito Santo", afirmou o senador na nota.

No fim do documento, Magno Malta, que foi incluído na lista dos novos notificados pela CPI, se colocou à disposição da Corregedoria do Senado para as investigações que forem necessárias para esclarecer o caso.