Título: Tesouro descarta captações agora
Autor: Martha Beck/Rui Pizarro
Fonte: O Globo, 26/07/2006, Economia, p. 23

País só cogita emissões em euro e real após as eleições, diz secretário

BRASÍLIA e RIO. O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, disse ontem que o governo não tem pressa de fazer novas captações de recursos no mercado externo. Segundo ele, os fundamentos da economia estão sólidos e o país já conseguiu captar o suficiente para honrar seus compromissos este ano. Kawall afirmou ainda que o Tesouro não deve fazer emissões em euros ou em reais até passarem as eleições.

O secretário explicou que os rumores de que o Brasil faria uma nova captação, que rondaram o mercado financeiro na semana passada, ocorreram porque vários países emergentes tomaram essa iniciativa.

- Não temos pressa para fazer novas captações. Para 2006, estamos tranqüilos e qualquer coisa seria antecipação (para honrar compromissos em 2007) - afirmou ele.

Segundo Kawall, as condições de mercado atuais não favorecem as emissões de títulos em euros e reais, mas o governo continua buscando oportunidades para captar recursos em moeda nacional. Ele também não descartou a possibilidade de novas emissões em dólares.

Bovespa e dólar avançam, risco-país recua

O mercado acionário brasileiro encerrou as operações ontem em alta. O Ibovespa, índice que reúne as 56 ações mais negociadas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), avançou 1,26%, para 36.681 pontos. O volume negociado foi de R$1,895 bilhão.

O dólar comercial, influenciado por mais um leilão de compra feito pelo Banco Central (BC) e por um cenário externo sem grandes novidades, fechou em alta de 0,46%, vendido a R$2,2030. O risco-país, termômetro da confiança do investidor na economia brasileira, recuou 0,87%, para 228 pontos centesimais.

O comportamento da Bovespa foi influenciado por vários fatores, como o desempenho positivo dos mercados em Wall Street; os resultados de empresas no Brasil e nos EUA; e algum movimento de venda de ações para embolsar lucros, após a alta de 2% na véspera.

As bolsas européias fecharam sem tendência comum, enquanto as americanas refletiram, nos fechamentos, indicadores econômicos como o índice de confiança do consumidor, que ficou acima do esperado, e o de venda de imóveis usados, que também recuou um pouco mais do que os prognósticos.

- O mercado brasileiro tem se voltado mais para o cenário externo, já que internamente os dados são tranqüilos. Falta apenas a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), com a sinalização do rumo dos juros - avaliou Marcelo Voss, economista-chefe da corretora Liquidez.

Para Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora e presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Apimec-RJ), a tendência da Bovespa é de alta.

(*) Do Globo Online