Título: JOSIAS DEIXA CONSELHO DE ÉTICA
Autor: Alan Gripp e Maria Lima
Fonte: O Globo, 27/07/2006, O País, p. 4

Dos 90 sanguessugas, oito já passaram pelo órgão

BRASÍLIA. Colegiado que deveria estar acima de qualquer suspeita, o Conselho de Ética foi freqüentado ao longo desta legislatura por parlamentares acusados de desviarem recursos públicos da saúde e que estão sendo investigados pela CPI dos Sanguessugas. Dos 90 deputados citados pela comissão, sete já passaram pelo conselho e um ainda continua no órgão.

Por ter tido o nome incluído na lista dos envolvidos no escândalo, Josias Quintal (PSB-RJ) renunciou ontem à sua vaga. No conselho, ele foi relator de dois casos e recomendou a cassação do mandato do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG). Seu relatório foi aprovado no conselho mas Queiroz foi absolvido pelo plenário. Em nota, Josias disse que a inclusão de seu nome na relação da CPI dos Sanguessugas trouxe a ele ¿enorme desgaste moral e prejuízo eleitoral¿. Ele nega envolvimento com o que chamou de máfia.

Dos oito sanguessugas que passaram pelo Conselho de Ética, cinco são do PP, partido da base do governo e um dos que mais receberam dinheiro do esquema do mensalão. São eles, Enivaldo Ribeiro (PB), Lino Rossi (MT), Feu Rosa (ES), Benedito de Lira (AL) e Ildeu Araújo (ES), único que ainda está no colegiado. Além de Josias Quintal, Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Zelinda Novaes (PFL-BA).

O Conselho de Ética foi criado nesta legislatura e seus integrantes cumprem mandato de dois anos. Desses oito parlamentares, dois (Rodrigues e Zelinda) integraram o conselho no biênio 2003 a 2004 e os outros seis (Josias, Lira, Ribeiro, Rossi, Rosa e Araújo) ocupam lugar no órgão desde 2005 (até início de 2007).

Integrante do Conselho de Ética, o deputado Nelson Trad (PMDB-MT) disse que o envolvimento de ex-integrantes do órgão em esquemas de corrupção é a demonstração de que é preciso alterar o critério de escolhas dos parlamentares para o colegiado. Trad é o relator de uma proposta de alteração do funcionamento do Conselho de Ética e incluirá no texto que os líderes partidários levem em conta o passado do deputado e a competência jurídica.

¿ Temos que acabar com a partidarização dos nomes e com essa dança das cadeiras ¿ disse.