Título: Situação de Suassuna, Malta e Serys piora
Autor: Maria Lima e Alan Gripp
Fonte: O Globo, 27/07/2006, O País, p. 5

Vedoin diz que fez 14 repasses de R$200 mil ao peemedebista e deu R$35 mil à petista

BRASÍLIA. Já notificados pela CPI dos Sanguessugas, a situação dos senadores Ney Suassuna (PB), líder do PMDB no Senado, Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PTB-ES) se complicou muito com o detalhado depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin à Justiça Federal e ao Ministério Público. Vedoin encheu duas páginas de depoimento com informações sobre eles.

O empresário contou que, a partir de 2005, passou a ter contato com o gabinete de Suassuna e, entre fevereiro e dezembro daquele ano, fez 14 repasses de cerca de R$200 mil pelo direcionamento de uma emenda do senador no valor de R$2 milhões.

Vedoin disse que conseguiu sucesso em licitações na Paraíba graças a acordo politico de Suassuna com o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe. ¿(... ) Que através de um acordo político entre o parlamentar e o ministro da Saúde, o parlamentar conseguiu cerca de R$1,6 milhão, recurso de origem extra-orçamentária para beneficiar 20 municípios do estado da Paraíba, com aquisição de unidades móveis de saúde¿, diz o depoimento de Vedoin à Justiça Federal.

Pagamentos em espécie a assessor de Suassuna

Para o pagamento, o empresário se encontrou com o assessor Marcelo Carvalho uma vez na churrascaria Porcão e outra vez no Hotel Meliá, ambos em Brasília, onde Vedoin mantinha um apartamento para realizar seus acertos e reuniões. Os pagamentos a Marcelo eram feitos, na maioria das vezes, em espécie, segundo Vedoin. ¿Que a referência ao final do documento `empréstimo¿, quer dizer que já estaria antecipando mais recursos do que efetivamente já tinham sido licitados¿, diz o depoimento de Luiz Antonio Vedoin em relação a vários repasses feitos em espécie para o assessor de Ney Suassuna, uma das vezes, no gabinete do deputado Wellington Roberto (PTB-PB).

¿Que os pagamentos acima se deram para que o interrogando tivesse privilégio de participar das licitações direcionadas; que durante o ano de 2005 participou em 12 municípios do estado da Paraíba¿, diz Vedoin no texto reproduzido pela Justiça, ressaltando que em outras 13 licitações, sete não se efetivaram ¿por falta de acordo politico entre o parlamentar ( Ney Suassuna) e os municípios¿, segundo Vedoin.

Genro de Serys teria pedido dinheiro para pagar conta

Em relação à senadora petista Serys, Vedoin disse que conheceu seu genro Paulo Roberto, que possui uma construtora na cidade de Pontes e Lacerda, em Mato Grosso, e que passou a freqüentar a sede da Planam nos meses de setembro e outubro de 2003, em Cuiabá. Nessas visitas, Paulo Roberto disse que estava precisando de R$35 mil para pagar uma conta de campanha da senadora.

O dinheiro foi dado mediante acordo para que a senadora apresentasse uma emenda genérica, em 2004, no valor superior a R$1 milhão para municípios de Mato Grosso, para aquisição de unidades móveis de saúde.

¿A promessa de emenda superior a R$1 milhão não se concretizou, tendo sido realizada uma emenda no valor de R$700 mil. O valor restante seria compensado no exercício seguinte¿, conta Vedoin no depoimento.

O depoimento ainda faz referência aos pagamentos feitos ao ex-senador e ex-presidente do INSS Carlos Bezerra (PMDB-MT) e à sua mulher, deputada Teté Bezerra (PMDB-MT). (Maria Lima e Alan Gripp)