Título: Empresários criticam limite de 30% e acham medidas cambiais tímidas
Autor: Patricia Duarte, Maria Fernanda e Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 27/07/2006, Economia, p. 28
Para Furlan, 50% a 60% da receita com exportação deveriam ficar no exterior
BRASÍLIA e RIO. O pacote cambial divulgado ontem foi classificado de tímido por empresários e especialistas, que, apesar disso, reconheceram sua importância para modernizar a legislação cambial. A principal reclamação é sobre o limite de 30% para o fim da cobertura cambial nas operações de vendas no exterior. Segundo eles, o pacote não deve elevar as exportações nem valorizar o dólar, dando mais competitividade aos produtos nacionais. Para os exportadores, o ideal era que a cobertura cambial fosse zerada.
¿ São medidas desburocratizantes, mas a redução de custos será pequena ¿ disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
Em suas contas, considerando o custo da operação cambial, de 2% em média, e um dólar a R$2,20, com o teto de 30% a redução seria de apenas R$0,04 por cada dólar. Para Castro, esse valor é pequeno diante da atual defasagem cambial. Os exportadores queriam um câmbio entre R$2,50 e R$2,60, contra os R$2,19 de hoje.
Os industriais receberam friamente o pacote. Para o diretor de Comércio Exterior do Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp), Humberto Barbato, faltou ousadia ao governo:
¿ O pacote foi um pouco tímido ¿ disse Barbato, ressaltando que ficou de fora a possibilidade de abrir contas em dólares no país.
Grandes exportadores também fizeram ressalvas. Para o diretor de Mercado Externo da CSN, João Audi, os benefícios têm alcance limitado. Jorge Gerdau Johannpeter, do Grupo Gerdau, espera que o percentual seja elevado posteriormente.
O ministro de Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que o percentual de 30% ¿é um bom começo¿, mas o ideal seria de 50% a 60%. Para ele, a medida cortará em 3% os custos das exportadoras maiores e ainda mais no caso das pequenas.
Mas houve aplausos para a isenção de CPMF dos recursos que ficarão no exterior. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Newton de Mello, isso pode elevar a lucratividade das empresas. Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que o pacote é ¿uma concreta contribuição ao crescimento¿.