Título: MONTADORAS TERÃO JUROS MAIS BAIXOS DO BNDES SE MANTIVEREM EMPREGOS
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 28/07/2006, Economia, p. 26

Spread¿ básico do financiamento à exportação passa de 4,5% para 3,8%

BRASÍLIA. Depois da pressão das montadoras ¿ que há dois meses pedem ao governo medidas para compensar a forte valorização do real frente ao dólar ¿ o BNDES anunciou ontem a redução, de 4,5% para 3,8% ao ano, do spread básico (diferença entre o custo de captação de recursos e a taxa final) de sua linha de financiamento à exportação de veículos. O volume a ser financiado também cresceu. Mas o benefício está condicionado ao cumprimento de uma espécie de meta social: manter ou aumentar o número de empregos nas fábricas durante o período de vigência do contrato de crédito.

Além disso, a redução do custo do empréstimo ¿ que deve resultar em exportações em no máximo 12 meses ¿ está relacionada à elevação do percentual da produção que a montadora deve vender ao exterior. A exigência passou de 30% para 55%. Este é o chamado compromisso de exportação e também representa o percentual da produção que poderá ser financiado sob as novas condições.

O presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou que vincular o empréstimo à manutenção do nível de emprego é uma decisão inovadora, apesar de o banco fazer avaliações desse tipo quando de um novo pedido. Para os novos contratos, será utilizado como parâmetro o nível médio de emprego nas empresas em 2005.

A decisão foi anunciada por Fiocca após uma reunião, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa foi a segunda medida para beneficiar os exportadores dos últimos dois dias, em plena campanha pela reeleição.

Segundo Fiocca, a decisão de aumentar de 30% para 55% o volume financiado se deveu à grande procura pela linha nos primeiros meses de vigência, nos quais foram emprestados US$850 milhões. Ele disse que a meta é US$1,5 bilhão por ano.

Na modalidade, 80% do crédito são corrigidos pela TJLP, hoje em 7,5% ao ano, mais o spread básico. Os 20% restantes são remunerados pela variação do dólar, mais Taxa de Juros Fixa Pré-Embarque (TJFPE, para financiamento à exportação) e spread de 3% ao ano.

O presidente da Anfavea, Rogélio Golfarb, disse que o aumento do volume de financiamento é importante para manter a competitividade do setor. Sindicalistas presentes ao encontro também elogiaram a decisão do BNDES.