Título: BC INDICA REDUÇÃO NO RITMO DE CORTE DE JUROS
Autor: Patricia Duarte e Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 28/07/2006, Economia, p. 27

Ata da reunião do Copom ressalta que quadro econômico pode exigir maior parcimônia na política monetária

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O Banco Central (BC) deixou claro, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que vai desacelerar o ritmo de corte dos juros. O BC afirma que poderá precisar de ¿maior parcimônia¿ para decidir sobre a condução da política monetária. Na ata anterior, o BC falava apenas em ter ¿parcimônia¿. O sinal, apesar de sutil, já foi absorvido pelo mercado, que reforçou a aposta de redução de 0,25 ponto percentual na Selic em agosto. Na semana passada, o BC reduziu em 0,5 ponto a taxa, que chegou a seu menor patamar: 14,75% ao ano.

A ata cita ainda a questão fiscal como uma das impulsoras do crescimento, devido ao aumento dos gastos públicos neste ano eleitoral.

BC diz que ainda não mediu reflexos dos últimos cortes

¿O Copom entende que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com maior parcimônia¿, afirma trecho da ata.

As argumentações do Copom, avaliaram especialistas, praticamente não mudaram em relação às dos últimos meses: expansão da economia sem explosão de consumo, o que manteve a inflação sob controle. Ao mesmo tempo, o BC chamou a atenção para o risco internacional, sem classificar o momento como de ¿crise¿.

O BC também voltou a destacar que ainda não consegue medir os reflexos das reduções da Selic feitas desde setembro de 2005 na atividade econômica. Nas últimas nove reuniões, o Copom já cortou a taxa em cinco pontos percentuais.

¿ O BC tem prezado muito não surpreender o mercado, daí a repetição do discurso ¿ afirmou o economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz.

Segundo o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Antônio Corrêa de Lacerda, num cenário de baixa inflação e estabilidade dos índices de crescimento haveria espaço para reduções ainda maiores na Selic.

¿ O BC continua tão conservador quanto antes ¿ disse o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini.

Na ata de ontem, o BC também voltou a ressaltar a alta do petróleo. Apesar de continuar apostando que não haverá reajuste de preços da gasolina no país, o Copom elevou as estimativas de aumento do preço do gás de botijão de zero para 0,1% no ano. Mas foram revisadas para baixo as estimativas de reajuste de preços de energia elétrica (de 3,7% para 2,7%) e da telefonia fixa (de 2,6% para deflação de 0,9%).