Título: SARAIVA: EMENDAS DE R$800 MIL PARA COMPRA DE AMBULÂNCIAS DESDE 2003
Autor: Regina Alvarez e Alan Gripp
Fonte: O Globo, 29/07/2006, O País, p. 4

CPI deverá ampliar as investigações sobre o ex-ministro da Saúde

BRASÍLIA. O deputado federal Saraiva Felipe (PMDB-MG), que foi ministro da Saúde no governo Lula e está na lista de parlamentares investigados pela CPI dos Sanguessugas, apresentou emendas no valor de R$829.600 para a compra de ambulâncias nos Orçamentos de 2003, 2004 e 2005. Todas foram aprovadas. Um levantamento realizado no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pela ONG Contas Abertas mostra que os beneficiários foram municípios de Minas Gerais.

A existência das emendas deve ampliar as investigações da CPI em relação ao ex-ministro, que estavam focadas na sua atuação à frente do Ministério da Saúde entre julho de 2005 e março de 2006.

O levantamento do Contas Abertas mostra que em 2003 o parlamentar conseguiu aprovar emenda de R$150 mil para a compra de ambulâncias. Em 2004, apresentou uma emenda de R$315 mil para o mesmo fim, mas só foram empenhados e pagos R$180.800, distribuídos para cinco municípios mineiros: Crucilândia, Urucuia, Boa Esperança, Mário Campo e Lassance.

Em 2005, outra emenda do deputado viabilizou a assinatura de convênios com 11 prefeituras no total de R$498.800 e apenas um deles ainda não foi pago ¿ de R$40 mil com a prefeitura de Bandeira. Os demais beneficiaram os municípios de Presidente Kubitschek, Itatiaicu, Guaranésia, Divisa Nova, Joaquim Felício, Matozinhos, Veredinha, Urucuaia, Rio Acima e Pintópolis.

O ex-ministro disse ao GLOBO que apresenta emendas ao Orçamento desde que foi empossado em 1995, mas negou envolvimento com a máfia dos sanguessugas ou ingerência na compra de ambulâncias:

¿ Como parlamentar tenho de apresentar emendas. O pecado é o uso inadequado das emendas. Isso é condenável.

Ex-ministro nega conhecer empresário chefe da máfia

Saraiva Felipe negou conhecer o empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos chefes do esquema dos sanguessugas. Ele disse que ficou sabendo que a Polícia Federal estava investigando um esquema de corrupção no Ministério da Saúde em janeiro e determinou aos assessores que colaborassem com a investigação.

Em depoimento à Justiça, Vedoin afirmou que o então ministro ajudou a Planam a liberar recursos do Ministério da Saúde para o esquema. Vedoin disse que a Planam passou a ter mais facilidade para conseguir a liberação das emendas após o ministro nomear a funcionária Maria da Penha Lino como sua assessora. Saraiva afirma que ela foi indicada pelo deputado federal José Divino (PMDB-RJ). Mas Vedoin diz que Maria da Penha e Saraiva são amigos.

Vedoin também disse no depoimento que Saraiva ajudava o senador Ney Suassuna (PB), líder do PMDB no Senado, a liberar recursos de suas emendas acertadas com o esquema. O empresário disse que conseguiu sucesso em licitações na Paraíba graças ao acordo politico de Suassuna com Saraiva. Suassuna é acusado por Vedoin de receber R$200 mil de propina pela apresentação das emendas. O dinheiro teria sido pago em 14 repasses.