Título: SANGUESSUGAS CAUSAM INCÔMODO NA CAMPANHA DE CANDIDATOS DO RIO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 29/07/2006, O País, p. 8

Envolvidos no escândalo integram chapas de Cabral, Crivella, Frossard, Vladimir e Eduardo Paes

O escândalo da máfia dos sanguessugas trouxe um grande incômodo para os candidatos que disputam o governo do Rio: dos 90 parlamentares citados por envolvimento no esquema, 16 são do estado e 13 estão concorrendo à reeleição. Pelo menos um deles, Fernando Gonçalves (PTB), já participou de eventos ao lado de Sérgio Cabral (PMDB), que lidera as pesquisas de intenção de votos. O senador ainda tem outros seis investigados em sua chapa, mas diz que o fato não prejudica sua campanha:

¿ Cabe ao deputado se defender. Este assunto não diz respeito ao meu objetivo, que é disputar o governo.

Perguntado se sentia algum constrangimento, Cabral respondeu:

¿ Acho que quem tem que responder a isso são eles.

Candidato do PRB, Marcelo Crivella lembra que os dois deputados de sua bancada, Vieira Reis (PRB-RJ) e José Divino (PRB-RJ), tiveram a legenda negada para disputar a reeleição:

¿ Eles dizem que são inocentes mas, mesmo não havendo erro moral, houve erro político e não aceitamos isso na bancada ¿ diz Crivella, que defende a fidelidade partidária para evitar a corrupção.

Sobre o envolvimento de parte da bancada evangélica, Crivella disse que ¿há gente boa e ruim em todo lugar¿. O bispo foi do PL, um dos partidos do mensalão e que agora tem dois deputados na máfia dos sanguessugas. No Rio, o PL está na aliança de Cabral.

Os parlamentares do PFL do Rio citados, Laura Carneiro e Almir Moura, são da chapa de Denise Frossard (PPS). Para a ex-juíza, a única forma de evitar a corrupção é observar o histórico de cada candidato na hora de votar. Ela diz que não poder julgar os aliados enquanto o processo não for concluído. Para Frossard, os partidos têm o dever de filtrar a escolha de seus representantes:

¿ No Rio, o número grande de envolvidos encontra respaldo nas atividades e nas atitudes do governo dos ¿inhos¿, que vende e usa o mandato em prol do clientelismo.

Vladimir Palmeira (PT) admitiu que se sentirá constrangido se os parlamentares do PSB, seu aliado no Rio, estiverem comprovadamente envolvidos com a máfia. Ele acha que é preciso alertar o eleitor para o voto consciente. Carlos Lupi (PDT) considera que o clientelismo praticado por meio de centros sociais de atendimento comunitário é fonte de corrupção.

¿ É preciso fiscalizar esses centros, as ONGs e a liberação de recursos ¿ disse Lupi.

Milton Temer, do PSOL, defende o fim da cláusula de barreira e o orçamento impositivo, sem a possibilidade de emenda individual de parlamentares.

Eduardo Paes (PSDB), cujo partido tem dois deputados na lista, foi procurado mas não retornou as ligações.