Título: EM SERGIPE, TUCANOS OPTAM PELO PT
Autor: Letícia Lins e Raquel Miura
Fonte: O Globo, 29/07/2006, O País, p. 10

Presidentes do PSDB no estado renunciam a cargo para apoiar Déda e Lula

BRASÍLIA. Em apenas um mês, a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República sofreu duas baixas em Sergipe. No período, dois presidentes do PSDB no estado renunciaram ao cargo e saíram do partido para anunciar apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à eleição do ex-prefeito de Aracaju Marcelo Déda, candidato ao governo de Sergipe. O PSDB nacional já avisou que não aceitará tucanos apoiando o PT.

Até ontem presidente do PSDB de Sergipe, a prefeita de Itabaiana, Maria Mendonça, rompeu formalmente com o candidato do PFL, governador João Alves Filho (SE), que tem em sua chapa o deputado estadual Fabiano Oliveira (PSDB) como vice. E anunciou apoio a Lula e a Déda numa solenidade em Aracaju. Procurada pelo GLOBO, ela não retornou a ligação.

No fim de junho, o deputado federal Bosco Costa, que comandava o PSDB estadual, já havia deixado o partido para apoiar Lula e Déda. Ele deixou a legenda depois que o PSDB decidiu fechar aliança com João Alves.

¿ O próprio Alckmin foi avisado de que isso iria ocorrer. O PSDB em Sergipe está rachado e a candidatura dele será atingida por isso. Vários prefeitos tucanos já decidiram apoiar Lula ¿ afirmou Bosco Costa, que já pediu desligamento do PSDB.

Segundo ele, a rebelião no PSDB local ocorreu depois que o partido resolveu apoiar a reeleição de João Alves. Isso porque, desde 1998, o PSDB e o PFL eram adversários no estado.

O comando nacional da campanha de Alckmin demonstra preocupação com a situação em Sergipe. Como a ordem no PSDB é de tentar diminuir o favoritismo de Lula no Nordeste, o ex-governador Albano Franco, principal líder tucano no estado, foi convocado para conter a crise.

Os tucanos que insistirem no apoio ao PT correm o risco de expulsão. Mas, oficialmente, o PSDB tenta minimizar o episódio. O coordenador da candidatura tucana, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), reconhece que a aliança com o PFL não foi bem resolvida, mas disse estar confiante.