Título: EXECUTIVOS DO PAÍS SE TORNAM ESTRELAS
Autor: Florencia Costa
Fonte: O Globo, 30/07/2006, Economia, p. 40

Empresas familiares sustentam o crescimento vertiginoso da economia

MUMBAI. Os empresários indianos são, hoje, os protagonistas do crescimento robusto do país na acirrada disputa da globalização, mas já comeram muita poeira até chegar ao estrelato. Quinze anos depois das reformas que desentravaram a economia, as empresas que sobreviveram prosperaram vigorosamente. Outras surgiram do nada, de iniciativas de indianos pobres que conseguiram vencer.

O bilionário do aço Lakshmi Mittal, que vive há anos na Inglaterra, ficou mundialmente conhecido por ter comprado a belga Arcelor. Mas na Índia quem faz a hora são os que permaneceram no front interno e, agora, tentam conquistar o mundo.

Não há quem não conheça a família Tata, dona do maior conglomerado do país. Com 131 anos de idade, ela se mistura à história da Índia. O grupo Tata tem 32 ramos: abraça setores dos mais diversos, como aço, hotéis, energia, carros, chá, café, química e consultoria em tecnologia da informação.

`Temos que ser agressivos e olhar para o futuro¿

À frente desse império está Ratan Tata, de 67 anos. A família pertence à minoria Parsi. Apesar de ser uma das muitas empresas familiares da Índia, o conglomerado se profissionalizou e é um exemplo do sucesso nas aquisições.

¿ Não há mais vacas sagradas. Temos que ser agressivos, pragmáticos, e olhar para o futuro ¿ diz Ratan Tata.

Azim Premji, da Wipro, gigante de tecnologia da informação, é também um dos principais ícones do empresariado indiano. A empresa de seu pai nasceu para vender produtos como gordura hidrogenada. Nos anos 80, Premji mudou tudo. E, nos últimos oito meses, deu uma guinada radical, pagando US$200 milhões na aquisição de seis companhias.

No ano fiscal de 2005-2006 (de março a março) a Wipro faturou US$2,4 bilhões. Depois de Mittal, Premji é o mais rico da Índia, segundo a revista ¿Forbes¿, com uma fortuna de US$13,5 bilhões. Em 2004, a revista ¿Time¿ incluiu Premji na relação das cem pessoas mais influentes do mundo.

O engenheiro Narayana Murthy e seu braço direito, Nandam Nilekani, comandam um símbolo da nova Índia: a Infosys Technologies, rival da Wipro. Começaram o negócio com mais quatro amigos e um capital de US$600. Hoje, com 25 anos de estrada, a empresa passou da marca dos US$2 bilhões. Ao completar 60 anos, em 20 de agosto, Murthy passará o bastão da empresa para Nilekani, um engenheiro elétrico que virou parâmetro de sucesso para os jovens de classe média. Este ano, a revista ¿Time¿ incluiu Nilekani na lista das cem pessoas mais influentes.

A poderosa Reliance também é uma empresa familiar de sucesso. Após a morte do fundador, Dhirubhai Ambani, em 2002, seus filhos brigaram e o império foi dividido. O mais velho, Mukesh, de 49 anos, ficou com as duas principais subsidiárias do ramo da energia, e estréia no setor de varejo. É um dos 23 bilionários indianos na lista da ¿Forbes¿, com US$7 bilhões. O caçula, Anil, cuida dos setores financeiro e de telecomunicações. Os dois vivem às turras.

Dono da maior farmacêutica da Índia e uma das dez maiores do mundo, Malvinder Singh também segue o caminho de seus antepassados. A empresa ¿ sétimo maior fabricante de remédios genéricos do mundo ¿ continua firme na guerra das aquisições. Quase 80% de seu faturamento vêm do exterior.

Rahul Bajaj, de 61 anos, preside a Bajaj Auto, que controla um conglomerado na área de automóveis, motocicletas, cimento e açúcar. (Florência Costa, correspondente)