Título: LINDBERG DIZ QUE SE LIVROU DA PLANAM 2 VEZES
Autor: Alan Gripp e Maria Lima
Fonte: O Globo, 31/07/2006, O País, p. 3

Prefeito de Paracambi nega ter sido citado por compras da empresa

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), disse que por duas vezes se livrou dos emissários da Planam. Ele contou que em 2004, quando era deputado, recebeu em seu gabinete representantes da empresa sugerindo que fizesse emendas para a cidade. Em 2005, quando Lindberg já era prefeito, Luiz Antônio Vedoin teria ido ao Hospital da Posse para dizer à direção que uma emenda tinha sido liberada pela Planam e que a empresa deveria vencer a licitação.

¿ Nas duas vezes eu não fiz o que eles queriam. Estou indignado com essas insinuações de que teria havido propina aqui. Eles eram muito fortes aqui. Mas, se pagaram, nós vamos apurar e punir ¿ disse o prefeito petista, que mandou investigar se houve pagamento de propina a funcionários.

Ele disse que, ao chegar à prefeitura, em 2005, havia uma licitação, com recursos já empenhados pelo governo anterior, para a compra de uma ambulância pela Planam. Segundo informou, não podia cancelar a licitação e fez o pagamento.

¿ A ambulância chegou fora das especificações, faltavam equipamentos. Informamos ao Ministério da Saúde sobre o problema e também que o preço estava muito acima ¿ disse o prefeito.

Lindberg descobriu que a Planam e outras duas empresas do grupo ganharam cinco licitações na prefeitura da cidade entre 2001 e 2004. Em todas elas, só empresas do grupo participaram da concorrência.

O prefeito de Paracambi, André Ceciliano (PT), disse que, entre 2001 e 2004, a cidade comprou cinco ambulâncias da Planam. Segundo ele, em nenhum dos depoimentos prestados até agora pelos diretores da empresa foi dito que tenha havido pagamento de propina para estas compras. Segundo Ceciliano, desde que voltou à prefeitura da cidade, em maio de 2005, não fez mais negócios com a empresa e não conhece ninguém de nome Ricardo, que teria recebido propina em seu nome. Além disso, Ceciliano afirma que, quando foi secretário de governo em Nova Iguaçu, entre janeiro e maio de 2005, não tinha poder para liberar recursos na prefeitura.

¿ Há uma série de contradições nesses depoimentos. Fui a Brasília e me dispus a liberar meu sigilo fiscal e telefônico. Já coloquei na internet meus extratos bancários ¿ disse ele.

O prefeito de Japeri, Bruno Silva dos Santos, foi contactado por meio de sua assessoria de imprensa, mas não retornou as ligações. O GLOBO não conseguiu contato com o prefeito de Miguel Pereira, Roberto Daniel Campos de Almeida.