Título: ALCKMIN DISCUTE TRIBUTAÇÃO COM SINDICALISTAS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 31/07/2006, O País, p. 4

Doze sindicatos da Força criam movimento de apoio. Tucano desafia Lula a ir a debate na TV

SÃO PAULO. Em encontro ontem com representantes de 12 sindicatos ligados à Força Sindical, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, discutiu medidas para reduzir a tributação sobre a folha de pagamento dos trabalhadores. Presidida por Paulo Pereira da Silva, do PDT, partido de Cristovam Buarque, que também está na corrida presidencial, a Força Sindical não formalizou apoio a qualquer candidato.

Embora irrisório ¿ a central tem em São Paulo 12 dos 400 sindicatos ¿ o apoio dos sindicalistas foi comemorado pelo candidato tucano, que articula um encontro com outras categorias em Brasília, mês que vem. Na reunião estiveram presentes sindicalistas ligados a metalurgia, alimentação e comércio.

¿ Estamos hoje aqui com líderes do mundo do trabalho. E discutimos sobre o ambiente macroeconômico para o Brasil crescer. Discutimos a Previdência Social, além da redução da informalidade ¿ disse Alckmin, com o discurso voltado para a redução de encargos sobre a folha.

O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, disse que o apoio se deu porque Lula não cumpriu as promessas feitas em 2002.

¿ Apoiamos Lula, mas a esperança que tínhamos nele não se concretizou em medidas práticas ¿ disse Torres, depois do encontro, lembrando que os 12 sindicatos criaram um movimento pró-Alckmin. O grupo representa menos de 700 mil dos 15 milhões de todos os filiados da Força Sindical pelo Brasil.

Polêmica em torno da reeleição ainda existe

À noite, Alckmin participou do programa ¿Canal livre¿, da Rede Bandeirantes. Nele, voltou a polemizar sobre o projeto que extinguiria a reeleição. Depois de ter dito semanas atrás que era a favor de um mandato que se estenda por oito anos, o tucano disse ontem que, se eleito, enviará ao Congresso um projeto de reforma política que priorize apenas a fidelidade partidária.

No estúdio, Alckmin leu uma reportagem publicada num jornal do Espírito Santo em que um criminoso chamado de Fernando Cabeção diz numa conversa telefônica interceptada pela Justiça que, se eleito, Alckmin colocaria cadeiras elétricas nos presídios.

¿ Isso mostra que o crime organizado sente os efeitos da nossa política. É claro que o crime organizado não quer minha presença ¿ disse ele, para em seguida insinuar que o delegado André di Rissio teria ligação com ¿gente do PT¿.

Rissio foi preso dias atrás acusado de integrar uma quadrilha que liberava mercadorias importadas ilegalmente no Aeroporto de Viracopos, em Campinas.

¿ Ele (Rissio) esculhambava muito nosso governo, mas prestigiaram sua posse todos os líderes do PT ¿ disse ele, referindo-se à posse na Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo.

No programa, o tucano desafiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a participar do debate na Rede Bandeirantes, no próximo dia 14.

¿ Quero aqui me comprometer a participar do debate. Mas gostaria de ter um compromisso da cadeira vazia para quem não comparecesse ¿ disse ele, insinuando que Lula não iria ao debate.

O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, lembrou que Lula não havia dito que não participaria.