Título: CARIOCAS MAIS OITENTÕES
Autor: Fábio Vasconcelos e Luiz Ernesto Magalhães
Fonte: O Globo, 01/08/2006, Rio, p. 14

Estudo de faixas etárias das mortes mostra aumento da população idosa

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Já a participação dos idosos (60 anos ou mais) no total de mortes passou de 50% para 64,8% entre 1979 e 2003. No mesmo período, o total de óbitos entre crianças menores de 1 ano caiu de 11,5% para 2,7%. A taxa de mortalidade não é idêntica à da expectativa de vida. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela chegava a 71,7 anos em 2003, sendo que era de 72,1 anos no caso do Estado do Rio.

¿ Os dados são um reflexo da melhoria da qualidade de vida da população não apenas no Rio, mas em todo país, inclusive no acesso a serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento de doenças ¿ explica a gerente de Informações Epidemiológicas da Secretaria municipal de Saúde, Rosanna Iozzi.

Aumentam os óbitos por doenças respiratórias

O estudo mostrou ainda um aumento significativo das mortes por doenças do sistema respiratório. O total de óbitos por doenças como bronquite, enfisema e asma, na faixa acima de 60 anos, cresceu 73,7% entre 1979 e 2003. As maiores vítimas são os que vivem até os 80 anos ou mais. A letalidade das doenças respiratórias nessa faixa etária é sete vezes maior que na faixa de 60 a 64 anos. Parte do crescimento, explica Rosanna, pode estar associada ao tabagismo:

¿ A atual população idosa do Rio não foi alvo de campanhas contra o tabagismo, que levou a uma queda no número de fumantes nos últimos 20 anos. As conseqüências do tabagismo devem estar se refletindo agora nas estatísticas.

Segundo o estudo, se não fossem as campanhas de vacinação iniciadas em 1999 contra a gripe para imunizar os idosos, a proporção de mortes por doenças respiratórias poderia ter sido até maior. Apesar de estarem em queda, as principais causas de óbitos entre os que têm mais de 60 anos, na capital, continuam a ser doenças circulatórias (como problemas cardíacos e acidentes vasculares-cerebrais). A seguir, aparece o câncer. O levantamento também demonstrou a falta que faz um serviço de necropsia especializado em identificar as causas de mortes naturais de pessoas que não recebiam acompanhamento médico. Como o Instituto Médico-Legal só faz necropsias nos casos de mortes violentas ou suspeitas, a falta de informações levou a um aumento da emissão de atestados de óbito por causas indeterminadas. De 1979 a 2000, o total de mortes sem causa definida passou de 1,4% para 10,2% de todas as mortes após 60 anos. O estudo aponta como um dos motivos do aumento do número de atestados de óbito nesta categoria a resolução da Secretaria estadual de Saúde de 1990 que permite a qualquer médico assinar atestados em mortes por causas naturais.

¿ Ao todo, são registradas por ano, média, cinco mil mortes por causas indeterminadas. Isso influi um pouco nas estatísticas, mas não ao ponto de alterar os percentuais das causas de óbitos na cidade ¿ acrescentou Rosanna.

O trabalho, que tomou como base estatísticas do DataSus (base de dados sobre saúde do governo federal) e do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria estadual de Saúde, será apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, de 18 a 22 de setembro, em Caxambu (MG). O gerente de Informações Geográficas do IPP, Alcides Carneiro, explica que o levantamento vai ajudar a prefeitura a planejar melhor suas ações na área de saúde do idoso.