Título: FMI FAZ ALERTA SOBRE ACORDOS COMERCIAIS BILATERAIS E REGIONAIS
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 01/08/2006, Economia, p. 21

Fundo defende volta das conversas na OMC

WASHINGTON. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, fez ontem uma advertência sobre os acordos comerciais bilaterais, após o fracasso das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). O titular do FMI expressou esperança de que será apenas temporário o congelamento das negociações para a liberalização do comércio global, a chamada Rodada de Doha.

¿ Convido a todos os países, inclusive os de PIB pequeno, a serem prudentes, antes de embarcar em acordos comerciais bilaterais e regionais ¿ disse Rato, em discurso em Washington.

O dirigente do FMI lembrou que foi justamente um maior intercâmbio comercial que sustentou o desenvolvimento econômico dos últimos anos.

¿ A expansão do comércio, favorecida por acordos multilaterais, tem sido uma das pedras fundamentais do crescimento da economia mundial há muitos anos, e é fundamental para as perspectivas dos países mais pobres.

Para o diretor-gerente do FMI, com o fracasso da Rodada de Doha, iniciada em 2001, é importante que sejam preservados os avanços alcançados no campo comercial até agora.

¿ Por isso é tão difícil aceitar o que aconteceu em Genebra na semana passada. Espero que se trate de uma pausa e não de um fracasso das negociações, e que os negociadores perseverem e procurem preservar o que foi conquistado.

Rato adotou em seu discurso um tom voltado para os países menos desenvolvidos, justamente o grupo que mais saiu prejudicado com a suspensão das negociações de Doha.

¿ Penso particularmente nas medidas que interessam principalmente aos mais pobres, como a eliminação gradual dos subsídios à exportação, sobretudo de algodão, e a abertura sem limites, pelas nações desenvolvidas e os grandes países em desenvolvimento, para as exportações das nações mais pobres ¿ assinalou Rato.

Os 149 membros da OMC decidiram na semana passada suspender, por prazo indeterminado, as negociações de Doha, após o fracasso de uma reunião entre seis grandes potências comerciais mundiais, representando EUA, União Européia e G-20, o grupo dos 20 maiores emergentes, entre eles Brasil, Índia, África do Sul e China.