Título: SANGUESSUGA TUCANO PROCESSADO
Autor: Cristiane Jungblut, Adriana Vasconcelos e Luiza Da
Fonte: O Globo, 02/08/2006, O País, p. 3

Partidos começar a decidir o futuro dos envolvidos na máfia

BRASÍLIA. Na tentativa de diferenciar o comportamento dos tucanos dos petistas, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), reiterou ontem sua intenção de expulsar todos os parlamentares que estiverem, comprovadamente, envolvidos no escândalo dos sanguessugas. Mas à noite o PSDB decidiu abrir processo apenas contra Paulo Feijó (RJ), além de cobrar explicações em 48 horas dos deputados Helenildo Ribeiro (AL) e Itamar Serpa (RJ). Por falta de provas decidiu liberar Eduardo Gomes e João Almeida.

Numa reunião da executiva, os deputados Gustavo Fruet (PR) e Carlos Sampaio (SP) fizeram um relato sobre as provas recolhidas pela CPI dos Sanguessugas, que comprometeriam pelo menos dois dos cinco parlamentares tucanos citados na investigação. O processo de expulsão, no entanto, poderá levar pelo menos um mês, mas se aprovado cassará a legenda desses parlamentares, que ficarão impedidos de disputar a eleição.

¿ Se for comprovada a participação no esquema, vamos encaminhar o processo de cassação para o conselho de ética do partido imediatamente e tirar a legenda para que eles não possam ser reeleitos ¿ disse Tasso.

A CPI já recebeu cópia do comprovante de um depósito da máfia dos sanguessugas em favor do deputado Feijó. O filho de Helenildo Ribeiro também aparece na lista dos beneficiários do esquema, com um depósito de R$10 mil.

Já o deputado Eduardo Gomes (TO) foi citado numa conversa entre o empresário Luiz Antonio Vedoin e o dono de uma rede de concessionárias do Tocantins, Ronaldo Barreto, que se comprometeu a intermediar negócios com representantes da bancada federal. Nenhuma emenda do parlamentar, entretanto, foi empenhada.

O deputado Itamar Serpa (RJ) teve o nome citado numa conversa entre Vedoin e Maria José Gouveia Batista, envolvida no esquema que assessorava prefeituras do Rio. Sob suspeita pela Corregedoria Geral da União, o deputado João Almeida (PSDB-BA) tem a seu favor o fato de não haver prova.

Já o PFL reune hoje a executiva nacional para decidir o que fazer com os nove parlamentares do partido notificados pela CPI dos Sanguessugas. A tendência do partido é só tomar providência após a divulgação do relatório da comissão, dia 10.

¿ Sobre os que tiverem participação comprovada, com provas contundentes como depósitos bancários, o partido terá de tomar medidas imediatas ¿ disse o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ).

O PPS anunciou a suspensão preventiva do deputado Fernando Estima (SP) de suas funções partidárias até a conclusão do processo que tramita contra ele na comissão de ética do partido. Já o PTB, com 17 deputados citados na investigação, divulgou nota na qual ressalta que aguardará o julgamento do Supremo Tribunal Federal para tomar providências. Se confirmada a culpa de qualquer um deles, o PTB o expulsará, mesmo que tenha sido reeleito, segundo a nota.