Título: EM SP, PT E PSDB TRAVAM GUERRA SOBRE CPIS
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 02/08/2006, O País, p. 10

Petistas conseguem derrubar no Supremo restrições regimentais que impediam investigações na Assembléia

SÃO PAULO. O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, sofreu um revés ontem. Depois de passar quase seis anos sem investigações no Legislativo paulista, o o governo de São Paulo pode se tornar alvo de CPIs pedidas pelo PT e por parte do aliado PFL em São Paulo. O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou ontem as restrições regimentais que impediam as investigações pela Assembléia Legislativa, atendendo a um pedido feito em novembro pela bancada petista.

¿ Agora chegou o momento de apurarmos os desmandos do PSDB em São Paulo nos últimos anos ¿ comemorou o líder do PT na Assembléia, Ênio Tatto.

¿ O PT quer é desviar o foco das denúncias contra o governo Lula. Mas não vamos deixar o PT transformar isso em palanque eleitoral ¿ retrucou o líder do governo de São Paulo, Edson Aparecido (PSDB).

As estratégias dos dois partidos rivais começaram a ser articuladas. A questão é quais pedidos de CPIs serão votados.

De 69 CPIs pedidas, algumas podem atingir o governo Alckmin e outras não. Pelas regras da Casa, podem ocorrer cinco CPIs por vez. O PT quer vasculhar casos como desvios na Nossa Caixa, na Febem, no CDHU e nas obras do Rodoanel e da Calha do Tietê.

Já os tucanos querem usar o critério dos pedidos mais antigos e que podem até atingir o próprio PT: guerra fiscal, funcionamento dos bingos, ensino superior no estado e abusos de poder no transporte coletivo.

Na Assembléia, persiste um PFL dividido

Ambas as estratégias levam em conta um dividido PFL que persiste na Assembléia de São Paulo, apesar de o governador atual ser Cláudio Lembo, um dos principais quadros pefelistas do estado, e de o PT ter minoria na Casa. O deputado Claudino Crespo (PFL) é um dos donos da artilharia petista. Ele fez um pedido de CPI sobre os contratos com irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas do Estado. E o PT, que tem cinco pedidos de CPI, aceitou negociar os seus, caso a bancada pefelista apóie Crespo integralmente.

Segundo o deputado petista Renato Simões, um dos autores do pedido ao Supremo, o PT vai trabalhar pela instalação das CPIs da Nossa Caixa, do CDHU, da Febem, da Calha do Rio Tietê e do Rodoanel:

¿ Essa foi uma vitória importante porque reconhece a inconstitucionalidade do regimento. Esperamos que agora a Assembléia respeite o direito da minoria e instale as CPIs, que vão permitir que o Brasil inteiro conheça os abusos praticados pelo governo.