Título: MAU HUMOR NO MERCADO
Autor: Lino Rodrigues
Fonte: O Globo, 02/08/2006, Economia, p. 22

Dólar sobe e Bolsa cai devido a EUA

Os investidores torceram o nariz ontem para a aceleração da inflação e da atividade manufatureira nos Estados Unidos. Diante de indicadores que sugerem um maior aquecimento da economia, foram colocadas de lado as apostas de que o ciclo de aperto de juros nos EUA estaria próximo do fim. Com isso, o dólar no Brasil fechou em alta de 0,73%, cotado a R$2,192 para venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou os mercado externo e encerrou o pregão em queda de 0,64%. O risco-Brasil, no entanto, ficou estável em 223 pontos centesimais.

Importantes indicadores divulgados ontem jogaram uma pá de cal sobre o otimismo dos investidores em relação a uma pausa nas altas dos juros americanos, o que fez a bolsa eletrônica Nasdaq cair 1,4% e o índice Dow Jones, 0,53%. Taxas mais altas desestimulam a aplicação em ativos de risco, como ações, especialmente os de mercados emergentes, como o Brasil.

Ontem, o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos dos consumidores subiram 0,4% em junho. Já a renda teve alta de 0,6% no mês. O núcleo da inflação medida pelo índice PCE ¿ que orienta as decisões do banco central americano ¿ subiu 0,2% no mês passado, em relação a maio. Já o indicador ISM, do setor manufatureiro, subiu pela 38ª vez consecutiva, para 54,7 pontos, acima das projeções de 53,6 dos analistas.

Apesar do mau humor de ontem, o risco-país permaneceu baixo. Para João Roberto Teixeira, vice-presidente executivo do banco ABN Amro Real, isso tende a estimular a captação de recursos no exterior e novas fusões e aquisições. Apenas no ABN, há 15 operações em andamento. Boa parte delas no setor de infra-estrutura:

¿ O Brasil está no topo das prioridades dos investidores estrangeiros em alguns setores ¿ atesta. (Patricia Eloy)