Título: PROPOSTA DIVIDE ADVERSÁRIOS DO PETISTA
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 03/08/2006, O País, p. 3

Alckmin e Heloísa criticam, mas Cristovam usa incapacidade dos partidos como argumento

BRASÍLIA. Os três principais adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dividiram em relação à proposta de se convocar uma Assembléia Constituinte exclusiva para a reforma política. Os candidatos do PSDB, Geraldo Alckmin, e do PSOL, a senadora Heloísa Helena (AL), criticaram a idéia. Mas o senador Cristovam Buarque (DF), candidato do PDT, disse ser a favor, devido à incapacidade que os partidos demonstraram até o momento para enfrentar este debate.

Para o candidato do PSDB, a proposta é descabida:

¿ Não vejo pé nem cabeça nisso. Imagina fazer uma nova Assembléia Nacional Constituinte para aprovar a reforma política. Mudar a Carta Magna? Assim não tem estabilidade das regras para preservar a Constituição ¿ criticou, apontando as prioridades da reforma política. ¿ A primeira coisa é aprovar a fidelidade partidária. A outra é restituir o respeito entre os poderes. Não vejo o menor sentido.

Heloísa: reforma deve ser votada pelo Congresso

Heloísa Helena (AL) concorda com o adversário tucano. Para ela, a reforma política é necessária mas deve ser votada pelo Congresso:

¿ Convocar uma Assembléia Constituinte para votar a reforma polícia é algo insustentável já que o próprio Congresso tem a obrigação de aprovar a reforma. É uma incompetência jurídica porque simplesmente não existe necessidade de uma constituinte para se votar mudanças no sistema político ¿ criticou Heloísa Helena.

Para o senador Cristovam Buarque, o ideal é que o Congresso aprove a reforma política. No entanto, como deputados e senadores até hoje não levaram adiante a proposta, Cristovam concorda que uma Assembléia Constituinte pode garantir a votação das mudanças, desde que eleita só com esse objetivo:

¿ Se constatarmos que de fato é preciso uma constituinte, ela deve ser eleita somente para discutir e votar a reforma política. Seria uma assembléia com tempo de funcionamento de um ano só para isso ¿ argumentou Cristovam.

No Congresso, as opiniões se dividem. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou que a proposta é interessante, mas ainda não foi adotada pela campanha da reeleição. Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) discordou de Alckmin:

¿ Acho a proposta inteligente e deveria ser um compromisso de todos os candidatos à Presidência.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), concorda:

¿ Há 20 anos se promete uma reforma política, mas o Congresso não vota nada. Por isso considero positiva a idéia de uma Constituinte. Aí sim pode ser que a reforma saia.