Título: Conseguimos dar uma lição¿
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Fonte: O Globo, 03/08/2006, O Mundo, p. 33

JERUSALÉM. O premier de Israel, Ehud Olmert, acredita que boa parte da infra-estrutura do Hezbollah já foi destruída. Ele diz que os ataques podem parar quando tropas internacionais chegarem à região. Até isso acontecer, não.

Quando o senhor pretende atingir os objetivos da atual operação no Líbano?

EHUD OLMERT: Vai depender do envio, como prevê a ONU, de uma força internacional para a região. Se isso acontecer, os ataques no sul podem parar.

Vocês continuarão até lá?

OLMERT: Sim.

Quanto do território libanês Israel pretende ocupar?

OLMERT: A proposta não é controlar o Líbano. Só não queremos que o país funcione como base contínua de agressão e violência contra Israel. Nós estamos tentando neutralizar o Hezbollah e abrir o caminho para as tropas internacionais tomarem o controle.

Em quanto tempo elas devem desarmar o Hezbollah?

OLMERT: Acho que o grupo já foi bastante desarmado. Isso não pode ser avaliado pelo número de mísseis que ele ainda dispara. A infra-estrutura do Hezbollah foi quase toda destruída. A população libanesa que o apóia foi deslocada, perdeu propriedades, bens e está zangada com o grupo. O Hezbollah está isolado em algumas áreas do Líbano e no mundo árabe como um todo, exceto por Irã e Síria. A força internacional pode afastá-lo ainda mais. A idéia é o Líbano ter uma liderança legítima e não ser comandado por milícias.

Uma vez que a força internacional ocupar a região, Israel pode considerar missão cumprida?

OLMERT: Conseguimos boa parte do que queríamos. Seria um sonho, que nunca achamos possível, não haver mísseis em nenhum lugar sendo disparados contra Israel. A questão é saber até que ponto demos uma lição: a de que é muito custoso e inviável nos atacar. Acho que conseguimos.

Como será o futuro de uma troca de presos com o Hezbollah?

OLMERT: Primeiro é preciso lembrar dos soldados israelenses seqüestrados. Eles precisam voltar.

Então o senhor se recusa a devolver os presos por Israel?

OLMERT: É muito cedo para discutir isso. Eles precisam se acostumar a estar sob nossa custódia.

Israel saiu de Gaza, saiu do Líbano e agora está de volta aos dois. Como o senhor vê isso?

OLMERT: Nós não estamos de volta a Gaza, estamos nos defendendo. Saímos das duas regiões e fomos atacados. Mesmo assim, acho que a saída para os nossos problemas de segurança não é ocupar territórios, mas criar um ambiente mais estimulante para as negociações de paz. Estamos tentando. Sou um otimista.