Título: AMORIM DIZ QUE RESGATE COMPROMETE ORÇAMENTO
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 03/08/2006, O Mundo, p. 34
Retirada de brasileiros do Líbano pode ter impacto negativo nas despesas ministeriais
BRASÍLIA. Convidado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado para falar sobre a situação no Líbano e o atual estágio de estagnação da Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), o chanceler Celso Amorim fez um alerta aos parlamentares: os trabalhos de resgate de brasileiros, realizados pelo Itamaraty e pela Força Aérea Brasileira (FAB), terão impacto negativo nos orçamentos dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa para outros projetos.
¿ Em algum momento, o dinheiro poderá faltar para outras áreas ¿ alertou o chanceler, cuja atuação na retirada de cidadãos brasileiros do Líbano foi elogiada por senadores do governo e da oposição.
No Itamaraty, a estimativa de gastos com alimentação e hospedagem de brasileiros, sem incluir as despesas da FAB, é de US$400 mil. Desse total, US$300 mil vão para o Consulado em Beirute, US$100 mil para Adana, na Turquia, e US$40 mil para Damasco.
Segundo o ministro, 2.250 brasileiros e libaneses com passaporte do Brasil deixaram a área de conflito. Já o embaixador Everton Vieira Vargas, que coordena no Itamaraty o grupo de apoio aos brasileiros no Líbano, disse que ainda há 1.001 pessoas aguardando para deixar a região. São 449 cadastrados em Damasco, na Síria, 246 em Adana, na Turquia, 240 em Beirute e 66 no Vale do Bekaa, também no Líbano. Às 8h30m de ontem, mais um comboio de cinco ônibus saiu de Beirute com destino a Adana, levando 201 pessoas.
Chanceler deve ir a Beirute no final de agosto
Vargas afirmou que o Itamaraty está negociando com a Petrobras a oferta de combustível, para que as empresas aéreas brasileiras realizem mais vôos humanitários para retirada de brasileiros do Líbano. Além de TAM e GOL, o Itamaraty também negocia com a BRA. Se houver acordo, o vôo da BRA pode ser realizado na segunda-feira.
O chanceler informou aos senadores que pretende ir a Beirute em breve. E lembrou que já enviou ao país o embaixador extraordinário para o Oriente Médio, Affonso Celso Ouro Preto. A visita de Amorim deverá ocorrer entre o fim de agosto e o início de setembro.
O ministro disse que não antevê uma melhora na situação do Oriente Médio em curto prazo. Ao falar sobre a postura do governo frente ao conflito, que praticamente destruiu o Líbano, ele afirmou que o Brasil defende o cessar-fogo imediato e o envio de uma força internacional de paz:
¿ Infelizmente, o mundo assiste estarrecido a uma contínua escalada das ações bélicas na região. Não há perspectiva de melhora imediata.