Título: PAPÉIS INVERTIDOS NA GUERRA DA MÍDIA
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Fonte: O Globo, 03/08/2006, O Mundo, p. 35

Emissoras dos EUA transmitem imagens da TV estatal de Cuba

MIAMI. Os residentes do sul da Flórida testemunharam, na noite da última terça-feira, uma irônica inversão de papéis na guerra ideológica entre Estados Unidos e Cuba.

Habitualmente a rádio e a TV Martí, do governo americano, buscam furar o bloqueio eletrônico do regime de Fidel Castro para transmitir informações ¿ basicamente propaganda política ¿ geradas em Washington. Dois dias atrás, no entanto, as duas redes hispânicas dos EUA ¿ Univisión e Telemundo ¿ absorveram, por livre e espontânea decisão, o conteúdo da TV estatal de Cuba.

Ambas captaram o sinal daquela estação na hora do seu programa ¿Mesa Redonda¿, do qual, ocasionalmente, o próprio Fidel ou seu irmão Raúl costumam participar. A sua duração sempre depende dessas visitas. Quando o presidente resolve se apresentar, o programa dura pelo menos de três a quatro horas.

A expectativa, nessa terça-feira, era a de que seu irmão, atual líder do governo, aparecesse. E também que fossem apresentados detalhes sobre a saúde do ditador. Não houve uma coisa nem outra. O que se viu foi o apresentador, Randy Alonso, lendo uma declaração ao povo que teria sido escrita por Fidel, na qual ele pede desculpas por ter causado preocupação a todos e afirma que está muito bem de ânimo.

Em seguida foram lidas várias mensagens de amigos e admiradores de Fidel, de todo o mundo, desejando a melhoria de sua saúde. Depois disso, um grupo de jornalistas cubanos discutiu política e novas iniciativas do regime, além de dissecar depoimentos de exilados que tinham sido gravados nos Estados Unidos. (José Meirelles Passos)