Título: BAGDÁ: 12 MORTOS EM CAMPO DE FUTEBOL
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Fonte: O Globo, 03/08/2006, O Mundo, p. 36

Bombas enterradas em campo são detonadas e matam jovens e crianças

BAGDÁ. Horas depois de o presidente Jalal Talabani afirmar, ontem, que as forças iraquianas estariam prontas para controlar o país até o fim de 2006, um violento ataque fez com que suas declarações perdessem força. Bombas enterradas no meio de um campo de futebol, numa área xiita no oeste de Bagdá, explodiram enquanto várias pessoas, todas jovens entre 9 e 20 anos, jogavam. Pelo menos 12 morreram e várias ficaram feridas. Dois outros ataques em áreas xiitas de Bagdá mataram mais três jovens que também jogavam futebol.

A violenta quarta-feira deixou vários outros mortos. Em Amel, região xiita a oeste de Bagdá, pelo menos 15 pessoas morreram quando bombas foram detonadas na beira de uma estrada. Num outro ponto da capital, bombas do mesmo tipo atingiram iraquianos que estavam em uma fila em busca de trabalho. Em Madaen, ao sul da capital, 15 insurgentes e três policiais iraquianos foram mortos durante confrontos que ocorrem desde a segunda-feira. As cidades de Baquba e Kirkuk também foram alvos de atentados. Na terça-feira, uma série de ataques contra soldados e policiais iraquianos deixou um saldo de 61 mortos, incluindo 26 soldados.

Mesmo com a violência, o presidente Jalal Talabani manteve o seu discurso.

¿ A transferência total da segurança dos americanos aos iraquianos ocorrerá gradualmente. Mas esperamos que aconteça até o fim de 2006.

Milhares marcham para pedir fim da violência

Ontem, milhares de xiitas que cuidam da segurança de diversas comunidades reuniram-se em uma passeata em Bagdá para exigir o fim da violência sectária que domina o país.

Jovens de uniforme e faixas na cabeça, integrantes dos chamados comitês populares, cantavam enquanto um orador lhes pedia que combatessem os líderes da insurgência sunita, leais ao ex-ditador Saddam Hussein e responsáveis por boa parte da violência constante no Iraque, cujo governo é de maioria xiita.

A multidão que ocupou as ruas de Bagdá incluía integrantes da organização Badr, um dos grupos armados xiitas que os sunitas acusam de comandar esquadrões da morte, acusação negada por eles.

O Comitê para Proteger Jornalistas afirmou que dois repórteres foram assassinados no fim de semana em ataques separados. Um soldado americano disse num tribunal que quatro militares dos EUA acusados de matar três presos iraquianos o ameaçaram se contasse algo sobre o crime.