Título: GRUPO DIVULGARÁ MANIFESTO SOBRE PROGRAMAS
Autor: Cristina Coghi e Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 04/08/2006, O País, p. 12

Documento pedirá investimento nas reformas estruturais

SÃO PAULO. Os empresários que aderiram à candidatura Lula divulgarão nos próximos dias um manifesto justificando o apoio. Além disso, eles prepararam outro documento com propostas para o programa de governo, que será entregue a Lula. Querem que o presidente invista nas reformas trabalhista, previdenciária, tributária, do Judiciário e política em um eventual segundo mandato.

O manifesto de apoio não deve ser entregue ao presidente no jantar de hoje à noite porque os coordenadores ainda não conseguiram coletar as assinaturas dos mais de 80 empresários do comitê.

¿ O manifesto só será divulgado com a assinatura de todos os membros, o que ainda não foi possível concluir ¿ disse Lawrence Pih, um dos organizadores do comitê de empresários.

Já o documento para o programa de governo não terá características de uma ¿planilha reivindicatória¿, segundo Pih.

¿ Não estamos discutindo nada setorialmente. Queremos contribuir com propostas macros que ajudem no enfrentamento dos desafios que estão colocados ao país.

Documento será entregue a Marco Aurélio Garcia

O documento será entregue ao vice-presidente do PT e coordenador do programa de governo, Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula. O comitê empresarial quer garantir que Lula e o PT mudem a legislação trabalhista, reforma paralisada no atual governo, por divergências entre patrões e empregados. O documento deve sugerir substituição do FGTS por um mecanismo menos oneroso.

¿ A multa de 40% paga em razão da dispensa, leva ao aumento da informalidade. Hoje mais da metade dos trabalhadores não tem carteira assinada, pois, para as empresas, as contratações custam o dobro da remuneração. Não queremos retirar direitos e sim aperfeiçoar os mecanismos ¿ disse Pih.

Os empresários também querem recomendar empenho na reforma política, de modo a a garantir a fidelidade partidária, o financiamento público de campanha e o voto distrital misto.

¿ As crises e os escândalos a que assistimos nesse período ocorreram, em parte, em função da estrutura política do país ¿ disse Pih.

¿ Não vamos levar nenhuma demanda corporativa, mas sim pela reforma nacional ¿ disse Michel Haradon, outro articulador do comitê.

Os empresários detalham ainda sugestões para reformar a legislação tributária.

¿ Hoje temos muitos impostos regressivos e não progressivos. A CPMF, por exemplo, é um uma contribuição eficiente sob o aspecto arrecadador, porque incide desde o pão francês até o caviar. É preciso também equiparar o ICMS para terminar com a guerra fiscal insana entre os estados ¿ disse Pih.