Título: ATAQUE EM QANA PREJUDICA APOIO POLÍTICO
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 04/08/2006, O Mundo, p. 32

TEL AVIV. As mortes de vários civis durante o bombardeio à cidade de Qana, no sul do Líbano, marca uma mudança de posição de outros países em relação a Israel, diminuindo sua margem de manobra política, admitiu ontem a chanceler Tzipi Livni ao jornal ¿Haaretz¿. Segundo ela, o ataque tornou mais difícil o apoio de países europeus às operações israelenses em território libanês. Para Livni, essa mudança pode ser demonstrada na ¿problemática posição¿ de países como a França, que defende um cessar-fogo imediato.

O Exército israelense reconheceu ontem que houve um erro no ataque a Qana. A investigação sobre o bombardeio a um prédio residencial revelou que os militares não sabiam que havia civis em seu interior. ¿Se soubéssemos, não haveria o ataque¿, diz o relatório.

Um levantamento feito pela organização Human Rights Watch mostrou que o número de mortos no ataque ao prédio não foi de quase 60 pessoas, mas 28, sendo que 13 pessoas continuam desaparecidas. Entre as vítimas, 16 eram crianças. De acordo com a organização, a estimativa inicial se baseou num registro segundo o qual 63 pessoas haviam se refugiado no prédio atingido. No entanto, mais de 20 pessoas conseguiram escapar.

A organização classificou como crimes de guerra alguns dos ataques israelenses ao Líbano, além de afirmar que é um equívoco dizer que o elevado número de vítimas civis se deve ao fato de o Hezbollah usar a população como escudo humano. ¿O padrão dos ataques em mais de 20 casos indica que as falhas não podem ser reduzidas a acidentes¿, diz a organização.