Título: MAIORIA SÓ CONHECE O COMUNISMO
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 06/08/2006, O Mundo, p. 48

MIAMI. Qualquer plano de ¿libertação de Cuba¿ terá de lidar com um fato concreto que, devido à falta de um contato real e direto, ainda não foi decifrado de forma apropriada: o de que 70% da população do país nasceram depois que Fidel Castro chegou ao poder. Isso significa que por mais que haja furos no esquema de blindagem cubano ¿ pouquíssimas pessoas têm acesso à internet, por exemplo ¿ a população não conhece outro sistema. Não tem referências nem capacidade de comparar.

Os cubanos da Flórida ¿ os desterrados ou os já nascidos no exterior ¿ acreditam conhecer os seus irmãos pós-Fidel. A maioria coincide com Ninoska Pérez-Castellón, diretora do Conselho pela Liberdade de Cuba e mais conhecida como apresentadora de um programa popular na Rádio Mambi, que se gaba de que ¿nossa audiência é formada por seres pensantes¿. Ela acha que será fácil cativar os cubanos da ilha para a democracia via capitalismo. E de uma forma bem rasteira: em sua opinião, o acesso a um par de tênis Nike, por exemplo, poderia fazer a diferença.

Para Ana Menendez, nascida em Los Angeles há 36 anos, filha de cubanos e uma das vozes mais influentes da geração que se poderia definir como ¿pós-exilada¿, o enfoque deve ser outro. Ela mora em Miami e é colunista do jornal ¿Miami Herald¿:

¿ Temos de realizar uma série de reuniões amplas, mas sem políticos, abertas a todos que ainda não foram ouvidos. Precisamos trocar idéias e sonhos, e debater. Temos de reprocessar o passado e avançar. Comecemos a reconciliação. Pois mesmo que Fidel volte ao poder, o regime não será o mesmo. É a primeira vez que temos a chance de moldar o futuro: não a desperdicemos! (J.M.P.)