Título: Onde pesca HH
Autor: Tereza Cruvinel
Fonte: O Globo, 05/08/2006, O GLOBO, p. 2

O que há de importante na pesquisa CNI-Ibope é a evidência de que a senadora Heloísa Helena está crescendo, mas não tirando votos do presidente Lula. Os números mostram que, neste momento, ela está avançando mais que Alckmin sobre os eleitores que rejeitam Lula, diz o diretor-presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. Ainda assim, tucanos e pefelistas continuam festejando o crescimento da candidata, por fortalecer a hipótese de segundo turno.

¿O que ela tinha de tirar de Lula, já tirou. Nem está tirando votos de Alckmin; está crescendo entre os indecisos, e isso é bom¿, diz o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), repetindo, porém, a advertência que vem fazendo no conselho de campanha do tucano, do qual é membro: Alckmin precisa crescer com recursos próprios, sem depender do crescimento da senadora. Para isso, a campanha aposta alto no início do horário eleitoral na televisão, em 15 de agosto. Sérgio Guerra, coordenador da campanha de Alckmin, prefere destacar o crescimento do voto espontâneo no tucano, que nesta pesquisa passou de 4% para 14%. Maior que o da senadora, que passou de 1% para 6%.

Alckmin, entretanto, foi o único que oscilou para baixo, passando de 27% para 25% entre a pesquisa de julho e a de agora. Uma queda dentro da margem de erro, mas, se houve perda, só pode ter sido para a senadora, que passou de 8% para 11%. Lula manteve os 44% e ainda ganharia no primeiro turno. Cristovam ficou em 1%. Logo, dizem os tucanos, continua sendo importante é que ela e os demais candidatos cresçam para garantir o segundo turno. O crescimento de Heloísa só preocuparia se estivesse ameaçando o segundo lugar de Alckmin. Hoje, ela está 14 pontos percentuais atrás dele, dizem os tucanos. Mas é inegável que, neste momento, quem pesca mais é ela.

Sérgio Guerra minimiza a importância desta e de outras pesquisas que vão surgir antes do início da campanha na televisão. O crescimento de Alckmin a partir de junho, que foi de mais de dez pontos percentuais, diz ele, deu-se claramente em virtude do programa propositivo do PSDB e do programa anti-Lula do PFL. E não foi barriga, porque ele vem se mantendo no patamar que conquistou.

¿ Todas as campanhas estão atrasadas, quase paradas. A nova oportunidade de crescimento, para todos, vem agora com a televisão ¿ diz Guerra.

Os outros também apostam muito na televisão, mas um exame da ¿grade da programação¿ eleitoral mostra que o bombardeio do eleitorado não será intenso como se imagina. Os candidatos a presidente vão aparecer três vezes na semana: às terças-feiras, quintas e domingos, com um programa matinal, de audiência bem menor, e outro à noite. Ao longo do dia, Alckmin terá direito a quatro ¿comerciais¿ e Lula, a três, também distribuídos ao longo do dia. Já a senadora terá um minuto e 11 segundos.