Título: Cassol festeja prisões que incluem até candidato a vice na sua chapa
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 05/08/2006, O País, p. 4

É um dia de alegria, não só minha mas de toda a população de Rondônia¿

BRASÍLIA. Apesar de seu chefe da Casa Civil e candidato a vice-governador ter sido preso pela Polícia Federal, o governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), comemorou ontem o resultado da Operação Dominó, prendeu 24 pessoas. As investigações tiveram início em meados do ano passado quando Cassol divulgou imagens, gravadas por ele, de conversas com deputados estaduais que lhe pediam propina em troca de apoio político. Mas, depois, a PF constatou que as fitas tinham sido editadas e que havia trechos que também incriminavam Cassol.

¿ Hoje é um dia de alegria, de vitória, não só minha mas de toda a população de Rondônia. Valeu a pena tudo o que fiz, até mesmo ter colocado minha vida e a da minha família em risco ¿ disse o governador, candidato à reeleição.

Mas nem tudo é alegria para Cassol. Entre os presos está o candidato a vice em sua chapa Carlos Magno (PPS). Cassol disse ter ficado surpreso com a prisão do aliado, mas afirmou que, até se prove o contrário, acredita em sua inocência e não pretende retirá-lo de sua chapa.

¿ Não sei qual é a razão da prisão dele, mandei pegar os processos para ver se, de alguma maneira, é algo para me prejudicar. Acredito na inocência dele, mas se ele realmente cometeu alguma irregularidade, tem que ser punido.

¿Farra com dinheiro público continua a mesma¿

Cassol denunciou que os esquemas desvios de recursos públicos na Assembléia Legislativa continuam ativos. Ele diz, no entanto, que não voltou a receber nenhuma proposta indecorosa dos deputados:

¿ Depois que os denunciei, eles me deram sossego. Mas dois meses depois, a farra com o dinheiro público repassado para lá (para a Assembléia) continuou a mesma de antes. Já denunciei isso publicamente.

O governador afirmou que o episódio não irá alterar sua campanha à reeleição.

¿ Continuo em plena campanha, minha candidatura é sólida com ele. Não vou crucificar ninguém.

A Polícia Federal acredita na participação direta do Poder Executivo de Rondônia nas fraudes, já que, sem o aval do governo, o aumento dos repasses ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas não poderia ser cumprido. O governador Ivo Cassol também é citado no relatório da operação, mas a Polícia Federal não revelou em quais circunstâncias. As investigações foram batizadas de Dominó em alusão ao efeito desencadeado quando as peças do jogo estão umas próximas às outras e a primeira é tombada sobre a seguinte.

O primeiro a ser detido foi o deputado estadual Carlão de Oliveira. Logo de manhã cedo, os agentes já estavam na residência do deputado e na empresa Signus Imobiliária, pertencente a ele. Carlão chegou algemado à Superintendência da Polícia Federal. Logo depois foi a vez do conselheiro Edilson Silva, do Tribunal de Contas.

O ex-procurador-geral de Justiça do Estado de Rondônia, José Carlos Vitachi, foi preso em Goiânia, quando participava de um evento. Haroldo Augusto Filho, filho do deputado estadual Haroldo Santos foi preso por ser acusado de participar de um esquema superfaturado em propaganda. Haroldinho tinha faturado mais de R$1 milhão no esquema. Gebrim Abdala, Augusto dos Santos e Carlos Magno, foram presos em Ji-Paraná. Nove dos detidos foram embarcados para Brasília em um vôo feito pela Aeronáutica em parceria com a Polícia Federal.