Título: MP: MARCOLA É CHEFE DE GRUPO CRIMINOSO
Autor: Plinio Teodoro
Fonte: O Globo, 05/08/2006, O País, p. 9

Bandido nega ter comandado ataques em São Paulo

SÃO PAULO. Testemunhas ouvidas por promotores do Ministério Público Estadual afirmaram ter provas de que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, é o chefe da facção criminosa que ordenou a onda de ataques no mes de maio na cidade de São Paulo. Em depoimento realizado por vídeo conferência ontem na 30ª Vara Criminal, Marcola negou novamente que seria o chefe da facção e que teria ordenado os ataques.

Além de Marcola, a audiência ouviu outras sete testemunhas de acusação do processo que investiga o assassinato do bombeiro João Alberto da Costa, assassinado no primeiro dia dos ataques.

Segundo o promotor Marcelo Milani, o delegado Dimas Pinheiro, do Departamento de Investigações Criminais (DEIC), uma das testemunhas ouvidas ontem disse que possui uma escuta telefônica onde Julio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola diz que Marcola é o chefe da facção.

Em outra escuta telefônica, dia 12 de maio, Julinho Carambola teria sinalizado a um intermediário da facção, identificado apenas como Cléber, o início dos ataques.

¿ É assim que eles agem, não de forma direta, mas usando um intermediário para desencadear a ação ¿ disse o promotor.

Bandido confessa que Marcola é o chefe

Além da escuta revelada ontem, Marcola é acusado de ser o líder da facção também por um dos indiciados no processo que investiga o assassinato do bombeiro.

Segundo o promotor Raul de Godoy Filho, Eduardo Aparecido Vasconcelos, o Mascote, afirmou no depoimento que Marcola seria o chefe da facção. O processo teve o sigilo de justiça quebrado ontem pelo juiz Richard Francisco Chequini, do I Tribunal do Júri da capital.

Mascote é reconhecido como um dos autores dos disparos contra o prédio dos bombeiros em maio. Durante o ataque, João Alberto da Costa estava em frente ao prédio e foi atingido pelos disparos ao tentar entrar no batalhão para avisar os colegas de trabalho.

Segundo o Ministério Público, além de Mascote, Carlos Santos de Portugal, o Peba, também atirou. Juliana Donayre Custódio, a Gringa, teria passado em frente ao batalhão minutos antes e é acusada de ser a informante do grupo que efetuou os disparos. Além deles, participaram da ação Alex Vieira Cavalheiro, o Gordinho, e Paulo Ricardo da Silva Teixeira, o Magrão, morto em confronto com a polícia.

A audiência foi a segunda do processo que investiga o assassinato do bombeiro. Ontem foram ouvidas as testemunhas de acusação que, segundo o promotor Milani, deram depoimentos consistentes para condenação dos indiciados.

¿ Eles reconheceram as vítimas e deram testemunhos firmes que acrescentará muito ao processo ¿ disse Milani.

Anteontem, o juiz Richard Francisco Chequini, em decisão inédita bloqueou R$162 mil de dinheiro da facção criminosa para pagamento de indenização à família do bombeiro assassinado.

(*): Especial para O GLOBO