Título: ALCKMIN PROMETE MUNDOS E FUNDOS PARA O NE
Autor: Leticia Lins e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 05/08/2006, O País, p. 14

Em busca de votos na região onde tem pior desempenho nas pesquisas, tucano não detalha, porém, fonte de recursos

RECIFE. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, iniciou ontem uma ofensiva para tentar neutralizar o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, região onde a situação do tucano é mais difícil, segundo as pesquisas de intenção de voto. Alckmin se antecipou a Lula e anunciou o Novo Nordeste, proposta de crescimento econômico e desenvolvimento social para os nove estados da região.

O lançamento do programa foi planejado com o objetivo de mostrar força política. O evento reuniu 600 pessoas, entre as quais seis governadores, nove senadores, líderes políticos e militantes, além de uma claque organizada, com camisas azuis, que gritava ¿contra o mensalão, Geraldo é a solução¿.

Sem explicar onde obterá os recursos para pôr o plano em prática, Alckmin disse apostar no crescimento do Brasil para injetar verbas no Nordeste e reduzir as disparidades regionais em quatro anos. Ele acusou o governo Lula de má gestão, por aumentar as despesas e os impostos, impedindo investimentos. Disse que Lula não tem obras para mostrar e afirmou que o país não pode crescer com investimento público de apenas 0,4% do PIB.

¿- O que o governo investiu foi quase nada. E o Nordeste, que mais precisa de investimento, é o maior prejudicado. Vou fazer um grande ajuste, acabar com a roubalheira e o desperdício e criar uma máquina eficiente. O Brasil precisa investir 2% do PIB para poder começar a botar dinheiro no Nordeste ¿ disse, sem especificar a expectativa de crescimento anual para que a região chegue ao patamar por ele pretendido.

Meta é reduzir disparidades

O Novo Nordeste lista 14 prioridades para reduzir as disparidades locais. Alckmin prometeu recriar a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (desativada no governo Fernando Henrique). Segundo o tucano, sua equipe criou um novo indicador para avaliar o impacto das medidas de promoção social na região: o IDR (Índice de Desenvolvimento Regional), a partir de números oficiais.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse esperar que, com a iniciativa, o candidato tucano passe a se identificar mais com a região.

¿ Alckmin ainda é desconhecido por 50% da população do interior do Nordeste. Muitos já ouviram falar nele, mas não têm muita noção. Agora ele mostrou a que veio, e é bom que se diga que, desde os tempos de Celso Furtado, este é o primeiro programa global para o Nordeste ¿ disse Tasso, referindo-se ao economista que criou a Sudene, no governo Juscelino Kubitschek.

Durante a palestra, Alckmin enumerou índices mostrando a gravidade da situação social no Nordeste. Disse que o PIB per capita na região é quase a metade do nacional (R$5.123 contra R$10.342). O tucano afirmou que a mortalidade infantil na região ainda é de 38,1 por mil nascidos vivos, enquanto no Brasil o índice é de 25,7 por mil. E frisou que, apesar de programas sociais como o Bolsa Família, a população pobre ainda representa 57,8% dos moradores da região, enquanto no resto do país a proporção é de 33,6%.

Alckmin afirmou que manterá o Bolsa Família, mas criticou o modelo adotado pelo presidente Lula. Disse que com o fim do Bolsa Escola, as populações desfavorecidas principalmente no interior, recebem o benefício sem que tenha outros meios de desenvolvimento social.

(*) Enviado especial